Frei Angélico de Enego, OFMCap

28.10.1881
21.2.1961

Fr. Angélico de Ênego (João Batista Bento Poletto)

Frei Angélico, filho de Ângelo Poletto e Ângela Frison, nasceu em São Martinho D'Ársego, Diocese de Pádua, (Itália), aos 28.10.1881. No dia seguinte foi batizado com o nome de João Batista, e crismado aos 29.09.1889 por Dom João Batista Tessari.

Frequentou o Ginásio de Údine e, a seguir, em Bassano vestiu o hábito religioso aos 08.11.1896. Emitiu os votos temporários aos 09.11.1897, e os votos perpétuos aos 08.12.1901, em Veneza. Aos 10.08.1904 foi ordenado sacerdote pelo Cardeal Patriarca Aristides Cavallari. Recebeu o Título de Doutor em Direito Canônico pela Pontifícia Faculdade de Direito Canônico de Veneza.

Logo colocou seus talentos para o bem dos estudantes teólogos ensinando Direito, História Eclesiástica e Oratória, sendo também eleito Definidor Pro-vincial.

Na Guerra - Na Guerra Mundial de 1914 1918 distinguiu se como Capelão Militar da Cruz Vermelha. Para atender os feridos, expôs-se a graves perigos, ficando até ferido. Os atestados e condecorações recebidas no campo de batalha comprovam isto eloquentemente.

No Paraná - Seu zelo apostólico e espírito de abnegação revelaram se sempre mais e melhor após a guerra. Tinha reiniciado suas aulas no Estudan-tado de Veneza quando, em 1919, recebeu uma proposta para formar o primeiro grupo de missionários no Paraná, para iniciar uma missão. No dia 11 de setembro do mesmo ano, recebeu o Crucifixo Missionário com seus três confrades na Igreja do SS. Redentor, em Veneza.

Fr. Angélico de Ênego fez parte do 1º grupo de freis vênetos que vieram ao Paraná: Fr. Ricardo de Vescovana, Fr. Teófilo de Thiene e Fr. Maximiliano de Ênego. Partiram de Gênova com o navio Principessa Mafalda aos 17.09.1919, desembarcaram no Rio de Janeiro aos 05.10.1919. Esse primeiro grupo viajou com D. Joao Francisco Braga. Após temporada no Rio de Janeiro e em São Paulo, Fr. Angélico  e Fr. Maximiliano e chegaram a Jaguariaíva aos 31.01.1920.  

Na missão do Paraná exerceu o ministério sacerdotal como Pároco nas seguintes localidades: Siqueira Campos (1920-1921); Cerro Azul (1922); Jacarezinho (1922-1928) e Santo Antônio da Platina (1928-1933).

Distinto pela cultura e disposto à evangelização, em 1929 iniciou e dirigiu a construção da Igreja Matriz de Santo Antônio da Platina. Apesar da crise financeira, em fevereiro de 1933 estava coberta. Foi incumbido por Dom João Braga de preparar a criação da Diocese de Jacarezinho. Enfrentou sérias dificuldades suscitadas pela maçonaria.

Com seu equilíbrio e visão aberta, por duas vezes fez parte do Conselho da Missão (1921-1922; 1925-1929). Era bom e exemplar e de grande espírito de sacrifício. Frade de vasta cultura, um dos melhores pregadores do Paraná.

Em suas cartas demonstra grande espírito de apostolado, uma sede de sacrifício e comovente vontade de imolação. Nelas descreve os perigos encontrados em suas viagens. Seu ardor era tanto que até pediu para trabalhar com os leprosos.

Retorno - Requisitado pelo Ministro Provincial Fr. Vigílio de Valstagna, aos 18.03.1933 retornou à Província Vêneta para presidir os trabalhos de Compilação da Edição dos Escritos de São Lourenço de Brindes. Muitos iniciaram este árduo trabalho, mas somente a constância e os conhecimentos profundos do Frei Angélico conseguiram realizar, em breve tempo, a "Opera Omnia" deste notável Doutor Apostólico da Ordem e da Igreja.

Trabalhador incansável, além de dirigir a edição destes importantes escri-tos, lecionava Teologia Moral no Seminário Patriarcal de Veneza, desempenhava com acuidade o cargo de Juiz Sinodal no Tribunal Eclesiástico (1944), Capelão de Hospital em Veneza (1945), Professor de Teologia Moral (1946) e, por unanimidade, foi eleito Definidor Provincial.

Era homem generoso, de vontade férrea, de inteligência aguda, um capuchinho de piedade profunda, de grande espírito de obediência e de intensa mortificação. Sua humildade dava lhe uma atitude suave e forte, amável e austera.

A cada instante fazia transparecer sua imensa saudade da terra de adoção: o Paraná. Depois da conclusão da Edição da "Opera Omnia" pediu com insistência para voltar ao Paraná: "Queria deixar meus ossos onde está o meu coração". Porém, não foi atendido, e mais uma vez, como exemplar capuchinho, obedeceu.

Fr. Angélico faleceu no Hospital de Veneza no dia 21.02.1961, vítima de asma cardíaca. Contava 79 anos de idade, 63 de Vida Religiosa, 56 de Sacerdócio e 13 de Missionário no Paraná.

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Frei Angélico de Enego, OFMCap

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