80 anos da chegada de Frei Salvador em Flores da Cunha

80 anos da chegada de Frei Salvador em Flores da Cunha

No dia 22 de março de 1944, frei Salvador chegava no Convento de Flores da Cunha. Frei Salvador Pinzetta, é muito conhecido por diversos aspectos, mas especialmente pela “santidade”. Herminio Pinzetta nasceu em 29 de julho de 1911 em no distrito de Evangelista, atualmente Casca/RS. Filho de Isabela e Fiorentino Pinzetta. Cresceu num ambiente familiar de espiritualidade e de muita fé, ambiente afetivo e de muita esperança. Com sua família numerosa de 12 irmãos e irmãs, alguns falecidos ainda crianças.

Sobre sua adolescência e juventude, se tem poucas informações, porém o que se conhece é que Hermínio era um adolescente respeitoso para com todos, gostava de jogar “belon”, “trissete” (jogos de cartas). “Comedido nas palavras, sóbrio nos divertimentos, moderado no comer e beber, o jovem Pinzetta vivia mais ligado à penitência do que à diversão; mais voltado para a igreja do que para a bodega ou o salão de festas. Mas não se conclua daí – frisa padre Alexandre (pároco na época), que Hermínio fosse um misantropo. Era um jovem como os outros, bom companheiro e muito feliz, com um sorriso permanente estampado em seu rosto e uma refinada sensibilidade no trato com as pessoas, principalmente as pessoas doentes e necessitadas de ajuda”.

Ainda na casa paterna, Hermínio Pinzetta, tinha uma especial devoção à Eucaristia que foi crescendo e se aprofundando até o final de sua vida. Juntamente com a Eucaristia era devoto ao Sagrado Coração de Jesus. “Herminio assumiu a devoção ao Coração de Jesus com empenho total. A maior parte de sua vida de capuchinho ele a viveu num convento dedicado ao Sagrado Coração de Jesus”. Devoto também a Nossa Senhora com amor filial.

O ingresso na vida capuchinha se deu em Marau, como se encontra em suas anotações num caderno: “A primeira vez que entrei para abraçar a vida religiosa, meu nome era Herminio Pinzetta. Foi no dia 02 de fevereiro de 1944, o dia de Nossa Senhora (que entrei) para começar a vida de capuchinho. Fiquei em Marau por um mês. Trabalhava junto com os irmãos capuchinhos, começando a vida religiosa. Depois fui para Flores da Cunha”.

Chegando na terra do galo, após realizar a experiência em Marau, dirigiu-se ao Convento de Flores da Cunha. Onde vivenciou as etapas formativas iniciais do aspirantado, postulado e noviciado, e toda sua vida de formação permanente. Sua acolhida no Convento foi dia 22 de março de 1944, frei Venâncio Pivatto é quem o encaminhou e recebido por frei Fulgêncio Caron, que seria o seu mestre e formador, o qual já tinha uma carta de recomendação assinada pelo ministro provincial frei José Cherubini. Referindo-se ao postulado Frei Salvador escreve em seu caderno: “Comecei o postulado no dia 02 de julho à tarde, dia de Nossa Senhora” (festa da Visitação).

Ainda durante o postulado decide ser santo, e viveu buscando esse propósito, assim como ele mesmo explica: “Ser Santo não é fazer milagres; é amar a Jesus de todo o coração e entregar-se a ele sem reservas”. A experiência do noviciado foi tocante e expresso o desejo de mudar de vida, o grupo de candidatos à Ordem Capuchinha retiraram o casaco, e vestiram o hábito marrom e ao mesmo tempo que mudaram de nome, a barba deixaram crescer e o presidente da celebração informava como seria chamado: FREI SALVADOR DE CASCA.

Frei salvador estava contente, deu um passo decidido para seguir Jesus Cristo e seu Evangelho. Foi um noviço que se colocava sempre em primeiro na oração, disponível e caprichoso nos trabalhos, incapaz de uma palavra ofensiva a algum irmão, aberto e transparente com seu mestre. E assim nos deixou escrito em seu caderno: “Comecei o noviciado no dia 05 de janeiro de 1945. O meu nome agora é Frei Salvador de Mauá e Casca. O ano do noviciado foi para mim um ano santo. Nunca passei um ano bom como o do noviciado. Rezei muito a Nosso Senhor e a também a minha mãe Maria Santíssima, a São José, ao nosso Pai Seráfico São Francisco e ao Sagrado Coração de Jesus. E assim também o ano de noviciado terminou com as graças de Nosso Senhor Jesus Cristo”. Frei Salvador professa na Ordem no dia 06 de janeiro de 1946, festa da Epifania do Senhor.

No mesmo mês fora transferido para Garibaldi e permaneceu por 2 anos nos serviços fraternos. Assim encontra-se descrito no Livro tombo da Fraternidade de Garibaldi: “em 29 de janeiro de 1948: Partiu para Flores da Cunha, onde assumira a direção dos noviços leigos, nos trabalhos manuais, o Venerável Frei Salvador de Casca, que durante dois anos prestou relevantes serviços a esta comunidade, edificando a todos pela sua dedicação e piedade”[2].

Frei Salvador retorna para Flores da Cunha, e ali vive cada vez mais seu propósito de se tornar santo, aprofundando sua espiritualidade e devoção à Maria, ao Santíssimo Sacramento, ao Sagrado Coração de Jesus entre outras.

No ano de 1966, frei Salvador fora solicitado a ocupar um lugar de destaque na procissão eucarística, deveria ficar no carro-andor, ao lado de frei Tomás, que levaria o ostensório com o Santíssimo. Frei Salvador questiona: “que farei lá? E frei Donato responde: é só colocar-se perto do Santíssimo e rezar. Frei salvador conclui: Sim, Sim, então eu vou!”. Fato este que o povo comentava depois que frei salvador tinha uma especial devoção e era santo. No ano seguinte fora convidado para estar junto ao carro-andor.

 Hoje para nós frades menores capuchinhos da Província do Rio Grande do Sul, o Venerável Frei Salvador nos inspira a vivermos profundamente a dimensão de nossa fé cristã, especialmente ao celebrarmos os 80 anos de sua chegada em Flores da Cunha, local onde viveu e testemunhou com intensidade a sua vocação para os frades e para o povo. Frei salvador é um inspirador da experiência de Jesus Eucarístico para os nossos dias. Tempos tão desejosos de pessoas místicas.

 

   Autoria: Freis Moacir Pedro Molon e Vandrigo Zacchi.

Autor:
Assessoria de Mídias do RS
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