Leitura espiritual da Regra Bulada foi tema dos retiros provinciais 2023

Leitura espiritual da Regra Bulada foi tema dos retiros provinciais 2023

As Constituições da Ordem dos Frades Menores Capuchinhos (nº. 56,1) vão assim afirmar: “Para renovar continuamente a nossa vida religiosa, todos os frades façam, anualmente, os exercícios espirituais e tenham também outros períodos de retiro”. Com o propósito de pensar na formação, reencontro e também um tempo de rezar a vida e missão dos frades, anualmente acontecem os retiros provinciais.

Neste sentido, durante este ano, nos meses de abril, maio, junho e julho aconteceram seis retiros com grupos diferentes de freis em Garibaldi/RS e na Casa frei Aldo Fardo em Rosa do Mar/SC.

O tema proposto para este ano foi “Tema:“ Leitura espiritual da Regra Bulada”, tendo em vista os 800 anos da mesma, que recebe o nome porque foi aprovada pela bula “Solet annuere” de Honório III (1223). É a Forma de Vida que vale deste 1223 para todos os Frades Menores e, por isso, é amplamente conhecida por todos os franciscanos.

Os encontros realizados contaram com as assessorias dos freis José Bernardi OFMCap; Doraci Tartari OFMCap; Lori Vergani OFMCap; Carlos Raimundo Rockenbach OFMCap; Vandrigo Zacchi OFMCap; e Laércio Duminelli da Luz, OFMCap;

Ao falar do retiro e a temática proposta, frei Sérgio Dal Moro, OFMCap disse que: “Para nós religiosos, particularmente para nós Capuchinhos, podermos participar do retiro é um privilégio, é uma graça, porque é uma oportunidade de nós fazermos uma revisão, um balanço da nossa caminhada pessoal, da nossa vida, não de quanto conhecemos, de quanto sabemos, de quando podemos ensinar, mas como nós vivemos a nossa vida, como vai a nossa consagração, como que vai o nosso propósito de vivermos segundo o Santo Evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo, como nos pede São Francisco de Assis. Então, foi um privilégio muito grande poder passar essa semana cuidando de mim, cuidando do meu coração, da minha vida, de como eu vivo a minha vocação, de como vivo o nosso carisma franciscano. Outro aspecto importante é que esse retiro particularmente nós fomos convidados  a nos confrontar com a nossa lei básica que é a regra dos frades menores, a dita Regra Bulada, aquela legislação que São Francisco de Assis, o nosso pai espiritual, com a graça de Deus e a força do Espírito nos deixou para nós vivermos o projeto do carisma franciscano, e com um pouquinho de humildade e sinceridade nos damos conta que ainda estamos muito longe de viver autenticamente a riqueza do nosso carisma. O carisma franciscano é historicamente um dos mais ricos, dos que mais podem nos oferecer um caminho evangélico. Portanto, para mim o retiro foi essa oportunidade de poder ver o caminho que já fiz com a graça de Deus, o pouco que avancei, mas ainda como estou longe de viver plenamente o carisma, e sempre é um desafio a gente ir nos convertendo cada vez mais para que nossa vida seja realmente uma vida evangélica, por isso quem tem a oportunidade tem que fazer o retiro, estou muito contente e feliz de ter tido essa oportunidade com a ajuda do frei Laércio e com a presença de outros irmãos, todos caminhando seriamente buscando viver a nossa  vida no desejo de sermos mais autênticos, mais fraternos e seguidores fiéis, bons filhos de São Francisco de Assis”.

Sobre o retiro, frei Alcides Cantídio Soares, OFMCap disse que: “ Primeiramente o local faz a gente se sentir bem e quando estamos bem, estamos à vontade para rezar. Quanto a dinâmica do retiro, posso dizer que foi muito boa, o que favoreceu para que a gente pudesse refletir, rezar o terço, refletir sobre a Regra e para mim o retiro é o momento de me tomar nas mãos e fazer uma retrospectiva da minha vida, da minha história vocacional e missionária, enfim, da minha atuação no momento que estou vivendo. Então foi muito bom, porque tudo favoreceu e o retiro é isso, um pouco da responsabilidade do retirante e um pouco de quem assessora, para mim foi excelente e me fez tomar mais contato com as Constituições e a Regra, foi uma retomada e me fez refletir sobre o que estou vivendo como frei Capuchinho”.

Para o frei Carlos Rockenbach, OFMCap que assessorou um dos retiros, afirmou que: “ Falando de retiro, primeiramente é uma exigência de nossas Constituições com toda razão, depois é uma necessidade de todos nós, de parar um pouco neste mundo de tantas demandas, de tantas atividades e acima de tudo é uma grande graça. Deus nos concede essa possibilidade de parar um pouco e tentar silenciar, para escutar primeiramente o nosso coração, o nosso interior onde Deus habita e a gente nem sempre se dá conta, porque o lugar onde Ele prefere estar é no coração de cada um, e até na missa a gente diz: “corações ao alto, nosso coração está em Deus” e o coração de Deus no nosso. Também é uma oportunidade que nós temos de refletir o que é essencial na nossa vida, muito mais que refletir é rezar, porque retiro se diferencia muito de curso. No curso a formação é mais dirigida a razão, e o retiro é algo do coração, baixar os ouvidos a voz do coração, primeiramente do coração de Deus, do nosso coração, do coração da humanidade e de toda a criação. Em relação ao conteúdo sempre é um conteúdo pertinente ao momento e nós frades menores Capuchinhos estamos tendo a graça de celebrar os 800 anos da Regra Bulada que traz de certo modo a nossa identidade religiosa, seguindo as pegadas de Jesus Cristo do jeito de São Francisco de Assis. Ignorar a Regra é de certo modo dar pouco importância a nossa identidade franciscana capuchinha e não precisamos carregar só na mente, mas sobretudo em nosso coração para que ela se transforme em vida, por isso que ela precisa ser rezada, medita, degustada, saboreada e penetrar todos os recantos de nosso ser. Eu vejo que o retiro é como uma Páscoa, uma ressurreição, uma possibilidade de uma passagem de um modo de viver para outro modo de viver, se nós soubermos aproveitar bem essa graça que Deus nos dá. Então esse ano a gente está mergulhando e saboreando aquilo que era o sonho de Francisco, as intuições mais profundas que foram aprovadas justamente há 800 anos e que são mais atuais do que nunca. Para todos os que têm a possibilidade de fazer o retiro é uma graça de Deus, eu lembro e recordo como Francisco vivia as suas três quaresmas anuais, sozinho, ou em uma gruta, cavernas, montanhas no silêncio, mas, sobretudo no silêncio interior a escuta profunda e por isso que sua presença e ação no mundo se tornou muito fecunda e talvez a falta de fecundidade, de nossa ação, de nossa presença nesse mundo seja por falta deste que nós podemos chamar de adubo, ou melhor, ainda, de essência de nossa vida cristã, essência do nosso carisma, então precisamos talvez valorizar mais e treinar, porque muitas vezes temos dificuldade profunda de parar e nos focar naquilo que estamos vivendo no momento que é uma bênção e uma graça de Deus”.

 

 

Autor:
Assessoria de Mídias do RS
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