Memórias de um Capuchinho Justo

Memórias de um Capuchinho Justo

Conheci Frei Justo Venturi em Itabuna, em dezembro de 1967. Integrava ele, com Frei Apolônio de Barra de São Pedro e Frei Cristóvão de Santo Hilário, a Fraternidade Santa Rita de Cássia, os quais atuavam na Paróquia da Conceição e davam início à construção do Convento e da Igreja no Bairro São Caetano.

No ano seguinte, Frei Justo foi transferido para Seabra, onde permaneceu até 1987. Na cidade de Seabra Frei Justo Venturi, juntamente com Frei Graciano Mosca e Frei Salvador de Lucca, participou ativa e criativamente da evangelização proposta pelo Concílio Vaticano II, com atenção aos sinais dos tempos e dos lugares.

De temperamento tímido, era, no entanto, comunicativo, bem-humorado e sabia exprimir-se com elegância e sabedoria. Tinha, por assim dizer, estilo. Inclusive quando saía para as comunidades rurais, dirigindo “seu” Jeep Willys, com barba e um surrado hábito branco.

Nas várias vezes em que acompanhei Frei Bruno Rossi, então Custódio da Bahia e Sergipe, em visita à Fraternidade de Seabra, Frei Justo, Frei Graciano e Frei Salvador nos recebiam com bons vinhos, queijos e uma macarronada lidimamente italiana. Esse jeito tipicamente capuchinho de acolher quem ao Convento chegasse dava, àquela Fraternidade, um nítido sabor ítalo-brasileiro.

Esta, a impressão mais nítida que Frei Justo Venturi deixou em meu coração e creio poder dizer na memória de quantos tiveram a graça de privar com ele: um homem justo, no sentido em que esse termo aparece no Evangelho aplicado a São José. Seu nome era, per così dire, um programa de vida e de ação. Como salientou Frei Sebastião Mendes, por ocasião da morte de Frei Justo, em 2019, na Itália, com 93 anos bem vividos, Frei Justo era discreto, zeloso, conciliador, sempre atento às carências dos empobrecidos, dos doentes e dos irmãos que o Senhor lhe deu.

Em louvor de Cristo. Amém!

Autor:
Frei José Edilson Bezerra, OFMCap
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