Nossa Senhora da Piedade dos Capuchinhos, Rogai por Nós!

Nossa Senhora da Piedade dos Capuchinhos, Rogai por Nós!

É importante, na fé católica, o costume de se ter um padroeiro ou padroeira no que diz respeito aos afazeres da vida cristã. Tal prática remonta à Igreja Primitiva, quando, naquela época, os cristãos invocavam a proteção dos santos na resolução de problemas em sua relação com Deus. Ademais, a ideia de que os cristãos sejam santos, e de que a intercessão esteja presente na prática dos crentes, encontra eco nas Escrituras. Os cristãos são chamados de “santos”, de modo especial na Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios (1,2), onde o apóstolo se dirige à "igreja de Deus que está em Corinto, aos santificados em Cristo Jesus, chamados para ser santos".

O Magistério da Igreja, por sua vez, nos ensina que, pelo fato de os habitantes do Céu estarem unidos mais intimamente com Cristo, consolidam com mais firmeza na santidade toda a Igreja. Eles não deixam de interceder por nós ao Pai, apresentando os méritos que alcançaram na Terra pelo único mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus. Por conseguinte, pela fraterna solicitude deles, nossa fraqueza recebe o mais valioso auxílio: "Não choreis! Ser-vos-ei mais útil após a minha morte e ajudar-vos-ei mais eficazmente do que durante a minha vida" (CIC, 956). A palavra do Magistério encontra eco em Efésios 6,18, que diz: “Orem no Espírito em todas as ocasiões, com toda oração e súplica; tendo isso em mente, estejam atentos e perseverem na oração por todos os santos.” A intercessão, portanto, feita no Intercessor, torna-se extensão da bondade de Deus e não concorrência ou realidade paralela. De tal modo que, em forma de axioma, pode-se dizer: somos intercessores no Intercessor!

Nesta seara teológica e magisterial, os Capuchinhos da Bahia e Sergipe demonstram seu afeto filial a Nossa Senhora da Piedade. A Virgem Mãe acompanha o labor missionário, antes mesmo dos frades franceses e italianos, pois a Mãe sempre se antecipa na proteção, no cuidado e na direção do caminho para Deus. Por isso, celebrar a nossa padroeira é resgatar a memória afetiva; é apropriar-se da história, sendo um protagonista — e não um mero contador de fatos havidos. É perceber-se parte integrante do Todo que Deus nos oferece em Jesus Cristo, por meio de sua Mãe, Maria Santíssima. Desse modo, celebrar a padroeira não é celebrar um dia, mas visualizar a história no tempo que se chama hoje.

A gratidão dos Frades Capuchinhos da Bahia e Sergipe não se manifesta apenas pelos inúmeros serviços prestados na história por aqueles que os antecederam — e que deixaram um legado visível em escolas, rádios, hospitais, paróquias, construção de cidades e tantos outros —, mas, sobretudo, pela constante proteção da Virgem da Piedade. Sob seus auspícios maternos, ela sempre envolveu os frades com seu manto aquecido e santo. É-lhe merecido um Santuário no qual, a cada terceiro domingo de outubro, renova-se o amor filial, ao mesmo tempo em que se agradece pelo caminho percorrido, a fim de que, em coro, possa-se rezar em forma de litania: Nossa Senhora da Piedade dos Capuchinhos da Bahia e Sergipe!

Autor:
Frei José Jorge Rocha, OFMCap
No items found.
Comente