Partilha Missionária, por Frei Klenner Antonio

Partilha Missionária, por Frei Klenner Antonio

"E oramos verdadeiramente como menores quando vivemos com Cristo pobre e humilde, ofertando ao Pai o grito dos pobres e partilhando efetivamente de sua condição de vida" Const. 46, 3

O nosso texto constitucional me faz tomar consciência de que nossas orações devem ser expressão de nossas vidas ao nos aproximarmos de Deus e, assim, irmos nos transformando naquele que contemplamos.

A missão junto aos povos indígenas me encaminha no discipulado da minoridade. Apostolado em que as pessoas, inseridas em seus grupos étnicos, não se configuram como pobres no sentido de classe, mas como uma minoria étnica e marginalizada no acesso aos seus direitos diversos, como o territorial; e minoria que se qualifica pelo racismo da nossa sociedade ainda colonial.

O Cristo humilde se expressa, nesses povos (cerca de 10 que acompanhamos dos 15 povos presentes no MS), como relação direta com a terra, a mãe-terra, raiz da palavra (humildade, humus, terra). Mas, em formas essenciais para nossa forma de vida franciscano-capuchinha como simplicidade, austeridade, fraternidade/sororidade com todo o criado, sensibilidade para com o próximo.

Partilhar de suas condições de vida é imperativo fundamental para a qualidade da missão. Não somente ao dormir em suas casas, participar de suas danças e rituais, compartilhar suas lutas e estratégias, sofrer suas dores, rir em suas esperanças, pisar os passos firmes de seus espíritos, mas, principalmente, viver suas epistemologias inserindo em suas culturas tão diversas.

Esses primeiros meses do ano de 2025 foram marcados por muito trabalho, e de formiguinha, junto com os outros Missionários do Conselho Indigenista (CIMI). Se diversificaram desde as organizações internas da instituição até as atuações nas organizações indígenas, incidências locais, regionais e federais, articulações com as Juventudes e seus líderes espirituais, formações em conjuntura político-jurídicas.

Assim, como forma de compartilhar um resumo da missão nessa primeira etapa do ano, número algumas atividades fundamentais que aconteceram de janeiro até final de julho:

1- Visitas e articulação da juventude terena para a Assembleia da Juventude Terena;
2- Assembleia da Juventude Terena;
3- Incidência com o povo Guató da Barra de São Lourenço em Brasília (Funai, MPI, ICMBio, MEC) em função da criação de GT para demarcação de seu território e paralisação de tentativa de criação de Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) sobreposta na terra indígena ferindo os direitos dos povos;
4- Articulação para atividade com os Guarani Ñandeva e Terena com os cursos de Teatro e Dança da UEMS;
5- Formação sobre organização de conselho indígena com povo Guarani Ñandeva;
6- Fortalecimento da organização da juventude Ñandeva e conexão com seus rezadores (líderes espirituais);
7- Pré-assembleia da juventude do povo Guarani Kaiowá e Ñandeva (Retomada Aty Jovem- RAJ);
8- Visitas com coordenação da juventude nos diversos territórios para organização da Assembleia da RAJ (Retomada Aty Jovem);
9- Semana Santa e Semana dos Povos Indígenas junto ao povo terena e guarani com participação nas celebrações e nos seus rituais;
10- Participação nas celebrações e rituais dos povos do mês de abril (mês indígena);
11- Fornecimento de sementes crioulas do MPA (Movimento Pequenos Agricultores) do Rio Grande do Sul (fornecidas em articulação com Frei Zanatta) para os terena em retomada de seus territórios tradicionais;
12- Acompanhamento da Assessoria Jurídica nas questões territoriais e de processos penais aos povos Terena, Kinikinau, Guarani Ñandeva, Kaiowá e Guató;
13- Assessoria Jurídica e incidências políticas para compreensão do estado do MS sobre caso de dispensa militar para indígenas;
14- Acompanhamento dos Comunicadores da Juventude Terena;
15- Formação sobre missão junto aos povos indígenas, especialmente terena, para os freis da Província de São Paulo e visita às aldeias terena de Avaí-SP com a juventude de MS;
16- Grande Assembleia do Povo Terena;
17- Encontro da Juventude Guarani Kaiowá e Ñandeva (RAJ);
18- Assessoria sobre indígenas encarcerados e participação no Encontro da Juventude Católica Terena;
19- Formações sobre conjuntura política nacional sobre as questões de direitos indígenas para os territórios dos povos do Pantanal e contextos urbanos.

Autor:
Frei Klenner Antonio da Silva, OFMCap
No items found.
Comente