O itinerário pode mudar em cada região do Brasil onde estamos, o que chamamos de 'circunscrições'. Por isso, recomendamos que você consulte o animador vocacional da sua região para entender o caminho percorrido por lá, mas, em geral, todos nós percorremos os passos abaixo:
Os encontros vocacionais te aproximarão dos frades que darão palestras, apresentando não só a vida capuchinha mas te ajudando em um caminho de discernimento da sua vocação, seja para a vida religiosa, sacerdotal ou leiga. Na região Nordeste, os encontros são assim:
É o período de formação inicial em que se assume a opção por nossa vida. Durante esse período, o candidato conhece nossa vida, ao mesmo tempo em que a fraternidade, por sua parte, conhece melhor e ajuda o candidato a discernir sua vocação. A formação dos postulantes tem como objetivo principal o aperfeiçoamento da catequese da fé, a formação franciscana e uma primeira experiência de trabalho apostólico. Também deve ser provada e cultivada a maturidade humana, principalmente afetiva, e também a capacidade de discernir evangelicamente os sinais dos tempos.
Os postulantes participam das atividades como encontros de formação, encontros vocacionais, missões, retiros... possibilitando assim a eles um contato maior com a vida dos frades e, aos frades, um maior conhecimento dos que desejam abraçar nossa forma de vida.
É uma etapa de uma iniciação mais intensa e de uma experiência mais profunda da vida evangélica franciscano-capuchinha em suas exigências fundamentais e supõe uma opção livre e madura pela vida religiosa.
Os frades são acolhidos em uma fraternidade específica durante 12 meses. O ritmo do noviciado deve corresponder aos aspectos fundamentais da nossa vida religiosa, sobretudo mediante uma especial experiência de fé, de oração contemplativa, de vida fraterna, de contato com os pobres e de trabalho.
Terminando o ano de noviciado, os noviços fazem a primeira profissão religiosa.
É um passo da formação em que os frades, seguindo um crescente amadurecimento, preparam-se para assumir pela profissão perpétua a opção definitiva por nossa forma de vida. A vida fraterna evangélica tem o primeiro lugar em nossa vocação e deve ser também prioridade no tempo do Pós-noviciado, uma formação em função sempre da vida e do amadurecimento contínuo da pessoa.
Durante o pós-noviciado os frades estudam Filosofia, Teologia ou outras áreas que enriqueçam sua formação humana e religiosa; colaboram com os trabalhos pastorais locais, cultivam a vida de oração e a cada ano renovam seus votos até a profissão perpétua.
Mas também fizemos uma proposta: de você ser um frade franciscano capuchinho. Também é uma proposta importante. Pode estar aí o sentido de sua vida. Mas também pode ser que, mesmo levando muito a sério, diante de Deus, a vida que Ele lhe deu, você ache que sua vocação não é para ser frade capuchinho. Isso você tem que resolver diante de Deus. Até com a ajuda e o conselho de outras pessoas, mas a decisão é sua.
Em todo caso, queremos deixar claro que, se você se decidir a ser um frade capuchinho, o compromisso não vai ser de uma hora para outra. Os frades vão ajuda-lo a ir dando pouco a pouco os passos que parecerem oportunos, até que você possa realmente dizer a Deus e a todo mundo que você decidiu ser um frade franciscano capuchinho. Para sempre.
Você já pensou um pouquinho sobre quem é você mesmo?
Quando você era pequenino, diziam: é o filhinho de fulano e fulana. Durante muito tempo, você foi conhecido como o filho de seu pai, o irmão de algum de seus irmãos ou irmãs.
Pode ser que depois tenham passado a dizer o seu nome, mas explicando: E aquele que estuda em tal colégio, que está em tal classe. Ou: é aquele que trabalha em tal lugar.
Você é conhecido (e você mesmo se apresenta) como membro de uma família, participante de um grupo ou de uma paróquia, por exemplo. Ou como aluno de tal professor ou professora. Já foi até namorado desta ou daquela moça.
Mas, quem é você de verdade?
Você sabe que é tudo isso, mas não é só isso.
Vou perguntar de outro jeito: Quando Deus fez você, qual teria sido o sonho dele? Será que o sonho de Deus é só para a gente fazer isto ou aquilo nesta vida, para a gente ser o filho, o irmão, o marido, o pai de alguém? Que será que Deus sonha a seu respeito para sempre?
Será que tudo que dizem de você é verdadeiro? Será que tudo que você pensa sobre você mesmo é verdadeiro? Será que tudo que você já sonhou fazer ou ser é verdadeiro?
Pois, olhe. Você vai ficar certo de uma coisa: você só vai descobrir, pouco a pouco, tudo que você é e pode ser na medida em que você se abrir para Deus.
Conhecendo um pouco melhor São Francisco e Santa Clara, você vai ver que eles não puderam frequentar escolas como as do nosso tempo, mas foram estudiosos profundos pelo que conheceram de Bíblia, pelo que aprenderam com os que, já no seu tempo, sabiam fazer da teologia (o conhecimento de Deus) uma proposta de vida. Também ficará sabendo que a família franciscana sempre teve, desde o começo, frades como Santo Antônio e São Boaventura, que vieram a ser reconhecidos como mestres pela Igreja. Os frades, mesmo estando no meio dos mais pobres, têm que apre- sentar com segurança a Palavra de Deus e a direção que ela nos dá no mundo difícil em que vivemos.
Hoje em dia, em nosso país, cada vez mais pessoas estudam e percebem como precisam estudar para poder estar à altura dos desafios sempre novos que são apresentados tanto no mundo do trabalho como no mundo do relacionamento com as pessoas.
Se você se tomar um frade capuchinho, vai perceber que, para estar melhor a serviço dos outros, terá que se preparar com seriedade.
No mundo de hoje, um frade, como todas as outras pessoas, precisa estar sempre lendo coisas novas, não só para não ficar para trás: também para ajudar a abrir caminhos novos.
Quando Deus nos deu a vida, deu-nos também a responsabilidade de cuidar de nosso corpo e de nossa alma, do nosso espírito e da nossa cultura.
Uma das primeiras coisas que você vai ter de aprender a cultivar é a sua espiritualidade. Isto é, você precisa lembrar que, em- bora sejamos sempre limitados pelo nosso corpo ao lugar e ao tempo em que vivemos, nós também somos espírito, um espírito que se abre para o mundo inteiro, para a história.
Como é que você usa o seu espírito? Mesmo sendo jovem, você certamente já começou a usar o seu espírito e já tem uma visão ampla das coisas, até da vida e da morte.
Pois é importante você se lembrar de que o seu espírito é guia- do pelo Espírito de Deus, que nunca força nada, mas está sempre presente para sugerir a você os melhores caminhos.
Ter uma espiritualidade é ir formando, pouco a pouco, uma maneira própria de ver todo o mundo, de colocar cada pessoa e cada coisa dentro de uma visão que você partilha com Deus.
Em todos os povos e em todas as religiões, há muitas propostas de espiritualidade, que qualquer um de nós pode aproveitar. Esta- mos propondo a você a espiritualidade do Evangelho.
Mas, como os frades capuchinhos, você pode escolher o caminho bonito da espiritualidade franciscana, que Deus deu à Igreja através de São Francisco e Santa Clara de Assis, e que já santificou tanta gente nestes últimos oitocentos anos. Você também pode ser mais um como eles.
É você mesmo quem vai decidir como quer que a sua espiritualidade seja desenvolvida através de toda a sua vida. Assim você vai ter uma visão cada vez mais ampla do mundo e vai poder ser cada vez mais feliz, sabendo que vai estar sempre trilhando um caminho novo.
Quem vive uma espiritualidade, está em um relacionamento contínuo com Deus. Isso é viver uma vida de oração.
É claro que você aprendeu a rezar desde muito pequeno, e sabe acompanhar as pessoas, quando rezam, oferecer o seu dia de ma- nhã, agradecer antes de ir dormir por tudo que viveu, e já deve ter dito muitas coisas bem suas, muito do seu coração e usando o seu jeito de falar, para esse Deus que é Amor. Seja qual for o sentido que você quiser dar sua vida, a oração sempre vai ser a coisa mais importante dentro dela, porque vai expressar quem você é diante de Deus.
Se sentir que Deus está querendo que você seja um frade, significa que está abrindo a você um caminho especial de oração.
Isso não quer dizer passar o dia inteiro rezando, sem fazer outras coisas. Jesus disse que não adianta dizer “Senhor, Senhor!” e não fazer a vontade de Deus. Uma pessoa orante de verdade está rezando até quando está dormindo, porque todo o sentido de sua vida está em Deus. Mas tem também a alegria de conversar com Ele a sós e junto dos outros frades, porque Deus é o pai e a mãe de nossa família que nunca mais vai ter fim.
Se você for frade, é para ser dos melhores. Você vai ser um homem de oração profunda, que vai marcar sua vida e atividades. Viver a oração é ter uma consciência cada vez maior de que Deus está conosco, acompanha e guia os nossos passos, ajuda-nos a fazer tudo com muita consciência e com muita alegria.
Um frade é antes de tudo uma pessoa consagrada a Deus, que se entrega totalmente a Ele e, por amor dele, está disposta a prestar serviços aos mais necessitados. Em vez de cuidar da própria família, acha que tem amor suficiente para cuidar dos que não têm ninguém que olhe por eles.
A palavra Frade quer dizer irmão, e dá um dos sentidos mais importantes da vocação. Um frade é uma pessoa que está disposta a viver a vida inteira com outros irmãos, sem se casar, dando testemunho para todas as pessoas de que, no céu, nós vamos viver para sempre um profundo amor de irmãos e irmãs entre todas as pessoas.
Um frade é alguém que coloca todo o seu apoio, toda a sua esperança e toda a sua força, por amor a Deus, nos outros frades, seus irmãos. Sua garantia não são o dinheiro, a saúde, um diploma, uma família, nem mesmo uma instituição, são os outros irmãos.
Um frade tem o coração aberto para amar todas as pessoas, mesmo as mais difíceis. É claro que sempre a gente ama algumas pessoas mais intensamente, com mais alegria, mas sem querer ser o dono delas. Algumas outras pessoas a gente ama com mais dificuldade, mas sabe ir descobrindo o que elas têm de bom, porque todos os filhos de Deus têm muitas coisas boas, mesmo que logo no início, a gente não consiga ver. Por isso, São Francisco chegou a dizer que nós devíamos receber bem até os ladrões.
Há muitos jeitos de ser um Frade, em ordens ou congregações muito diferentes. Os frades franciscanos seguem a proposta de vida de São Francisco de Assis. São Francisco e Santa Clara de Assis foram dois grandes santos que viveram oitocentos anos atrás e deixaram um bonito caminho espiritual que milhões de pessoas têm seguido até hoje.
Na proposta franciscana, um dos aspectos mais importantes é levar extremamente a sério a vida em fraternidade, o amor entre os Irmãos e com todos os irmãos e irmãs deste mundo.
Mas Francisco e Clara queriam principalmente seguir Jesus Cristo. Como Jesus Cristo, tomaram-se pobres e penitentes. No fim, tomaram-se verdadeiramente “outros Cristos”. Eles nos ensinam, com uma força especial, a descobrirmos Jesus Cristo dentro de nós mesmos e a nos transformarmos em bons filhos de Deus, como eles.
Oitocentos anos atrás, São Francisco e Santa Clara fundaram três “ordens”, ou grupos de pessoas que seguiram seus passos no caminho de Deus. Um desses grupos, para homens foi o dos frades franciscanos (OFM, OFMConv e OFMCap). Outro foi o das Irmãs Clarissas, para as mulheres que queriam retirar-se para levar uma vida contemplativa. Outro admitia qualquer pessoa, mesmo as que queriam viver como casadas e trabalhando fora como todos os bons cristãos. Com o tempo, essas famílias se multiplicaram. Mesmo a Ordem Terceira, que era para pessoas leigas, acabou dando origem a muitas congregações religiosas, tanto de homens como de mulheres. Esses grupos surgiram desde o tempo de São Francisco, mas grande parte é dos séculos XIX e XX. São chamados de Terceira Ordem Regular.
Quando colocamos um OFMCap, aí atrás, queríamos falar dos frades capuchinhos, um ramo dos franciscanos que se formou no século XVI, pouco depois do descobrimento do Brasil.
Missão quer dizer envio. Quer dizer que alguém nos mandou fazer alguma coisa importante. Muito importante. Ir buscar água ou comprar pão não é uma missão. Missionário é quem recebeu uma missão de Deus. Um dos sentidos comuns da palavra “missionário” é o de uma pessoa enviada para o meio de outro povo para anunciar a Boa Nova de Jesus Cristo. Mas, onde houver necessidade de Jesus Cristo há um campo de vida e de trabalho para todos os missionários e missionárias.
Nós pensamos na Missão de Jesus, a que ele recebeu de Deus Pai, quando nasceu como um ser humano. A missão dele é vir anunciar o Amor, que é Deus, que é a “vida em plenitude”.
Já foram escritas páginas belíssimas da história das Missões por homens e mulheres que, por amor de Jesus Cristo, chegaram a dar a sua vida em países estrangeiros ou no meio de culturas que não conheciam ou não aceitavam o Evangelho. Não só deram a sua vida morrendo como mártires, mas também vivendo integralmente muitos anos na doação aos mais necessitados, aos excluídos.
Mas não pode ser missionário da Boa Nova quem não se deixou embeber totalmente por ela. Nós não somos carteiros do Evangelho, que levamos a mensagem em um envelope: somos testemunhas, que levamos Jesus vivo em nossas vidas.
Na realidade, os capuchinhos, como todos os franciscanos, não têm um trabalho específico: prestam ajuda à Igreja em qualquer setor necessário. De fato, não foram fundados para determinados trabalhos mas darem um testemunho, principalmente junto aos mais pobres e excluídos.
Por isso, a Ordem tem frades que se destacaram como missionários, pregadores, professores, cientistas ou simples trabalhado- res. Muitos frades tomaram-se santos canonizados, contando, por exemplo, com um Doutor da Igreja, como São Lourenço de Brindes, m porteiro de convento, como São Conrado de Parzham, um missionário mártir, como São Fidelis de Sigmaringa, um místico com as chagas de Jesus, como São Pio de Pietrelcina.
São Francisco aceitava na Ordem tanto nobres quanto plebeus, tanto militares como professores, ou trabalhadores sem nenhuma qualificação. Alguns frades também podem tomar-se sacerdotes. Às vezes falamos de frades e de padres. Todos os capuchinhos são frades, palavra que quer dizer Irmãos. Padres, em geral, são os de uma diocese ou de uma ordem ou congregação religiosa que receberam o Sacramento da Ordem e celebram Missas, administram Sacramentos. Alguns frades, ordenados sacerdotes, também são padres.
Agora que você já sabe bastante bem o que é um frade capuchinho, chegou a hora de perguntar diretamente a você mesmo: O que Deus quer de mim? Por que me pôs nas mãos este livrinho?
Você já não é mais uma criança, e deve ter percebido como O mundo em que nós vivemos é, ao mesmo tempo, maravilhoso e cheio de problemas. Você também já deve ter consciência de tem que encontrar o seu lugar no mundo, não só para aproveitar tudo que ele pode apresentar para você se realizar, mas também para dar a sua contribuição, uma contribuição que mais ninguém vai fazer no seu lugar.