Dom Frei Inácio de Ribeirão Preto, OFMCap

28.8.1897
29.5.1963

Dom Inácio de Ribeirão Preto (João Dal Monte)

Dom Inácio, filho de Luiz Dal Monte e Ângela Gugliemini, nasceu em Ribeirão Preto SP, aos 28.08.1897. Foi batizado com o nome de João na Paróquia São Sebastião no dia 31.10.1897. Ficou órfão de pai aos quatro anos. Em outubro de 1902 retornou com a mãe e seu irmão Antônio para Mussolente, Província de Vicenza, Itália, terra dos seus familiares. Com cinco anos de idade perdeu também a mãe, Ângela. Mas a Providência não o abandonou. Ele, com cinco anos e seu irmão Antônio, com sete, foram acolhidos e educados pelo tio materno, Ângelo e sua esposa Celeste. Foi crismado na Paróquia São Pedro e São Paulo, em Mussolente aos 30.04.1904.

Aos 3 de setembro de 1908, com 11 anos de idade, obedecendo à voz do Senhor, entrou para o Seminário de Rovigo. Aos 15 de setembro de 1912, com 15 anos de idade recebeu o hábito capuchinho em Bassano com o nome de Frei Inácio de Ribeirão Preto, e um ano depois emitiu os votos temporários (21.09.1913).

Na Guerra - Em outubro de 1916 foi chamado para servir o Exército. Em setembro de 1917 partiu para o campo de batalha. Lutou no Piave. Em junho de 1918 caiu prisioneiro dos austríacos. Nos primeiros dias de 1918 conseguiu fugir. Obteve dispensa do Serviço Militar aos 13.05.1920.  

Retornando ao convento, emitiu sua profissão perpétua aos 08.12.1921, em Veneza. Em 1922 foi inscrito na Faculdade Jurídica do Seminário Patriarcal de Veneza, obtendo o dotourado aos 30.07.1925 com magna cum laude. Aos 05.04.1924 foi ordenado sacerdote pelo Cardeal Patriarca Dom Pedro La Fontaine, juntamente com Fr. Constantino de Cellore.

No Paraná - Nesse tempo preparava-se um novo grupo de missionários ao Paraná. Frei Inácio insistiu para ser enviado, mas seu pedido não foi aceito. Somente isto aconteceu quando um dos missionários se adoentou e, então, ele o substituiu.

Fr. Inácio veio ao Brasil com os Freis Tarcísio de Bovologne, Anselmo de São Mauro de Saline, Irineu de Pádua, Silvestre de Selva e Samuel de Cittadella. Aos 06.09.1925 na Basílica de Santo Antônio, em Pádua, receberam o Crucifixo Missionário das mãos de Dom Elias Dalla Costa, Bispo Diocesano. Partiram de Gênova, com o navio Duca d’Aosta, aos 17.09.1925. Após uma parada no Rio de Janeiro, rumaram a Santos, desembarcando à meia-noite do dia 3 de outubro. Fr. Angélico de Ênego os esperava ali. Passaram o dia 4 em Santos. Pernoitaram no Convento dos Carmelitas. No dia seguinte, 5 de outubro, foram a São Paulo, hospedando-se no Convento da Imaculada, sede principal dos capuchinhos de Trento. À noite do dia 5 viajaram com o trem sorocabano, chegando em Jaguariaíva na manhã do dia 6.

Fr. Inácio trabalhou como sacerdote nas seguintes localidades: Curitiba (1925; 1927-1937;1939); Cerro Azul (1926); Jaguariaíva (1937-1938); Santo Antônio da Platina (1940-1949).

Foi sempre um religioso humilde, obediente. Soube cativar a estima de todos, desde a chegada ao Paraná, dentro e fora do convento. No mesmo ano da chegada, escrevia o Fr. Ricardo de Vescovana, Superior Regular: “Agora que enviamos para Curitiba Fr. Inácio, que me parece uma pessoa muito querida, os capuchinhos serão mais apreciados (1927)” .

Sempre pronto, percorreu as matas de Açungui e Cerro Azul, no Alto Ribeira, tendo como residência o Convento das Mercês. Três anos após sua chegada ao Brasil, foi eleito (1928) Conselheiro da Missão. Seu zelo, prudência e capacidade incansável no trabalho, granjearam lhe a estima dos coirmãos e superiores, de tal forma que, depois de apenas seis anos de permanência no Brasil, foi escolhido em 1931 Superior Regular (com 34 anos de idade). Em 1937 foi eleito Custódio, atuando sempre com muita competência e dedicação. Por cinco vezes prestou este serviço, até 1949. Passou quase toda a sua vida como Conselheiro da Missão, Superior Regular da Missão, Custódio Provincial e Superior das casas onde residiu.  

Como Superior Regular empenhou se constantemente em conservar e infundir em todos as notas características capuchinhas, ensinando com a palavra e mais ainda com o exemplo.

Preocupado com o futuro da Custódia, construiu o Seminário de Botiatuba e de Barra Fria. Enviou os primeiros estudantes para cursarem Filosofia com os Capuchinhos do Rio Grande do Sul, em Marau. Mas, em seguida, abriu, em Curitiba, o Estudo de Filosofia e Teologia. Com estes estabelecimentos de ensino e educação ficou garantida a existência da futura Província do Paraná e Santa Catarina, pois Frei Inácio lhe proporcionara o organismo necessário.

Bispo - Aos 15.03.1949 o Papa Pio XII nomeou Frei Inácio Bispo Coadjutor de Joinville. Foi Ordenado Bispo no dia 26.05.1949, em Santo Antônio da Platina, pelo Núncio Apostólico Dom Carlos Chiarlo. Durante três anos trabalhou em Joinville SC, como Bispo Auxiliar de Dom Pio de Freitas. Aos 21.05.1952 foi eleito Bispo Diocesano de Guaxupé-MG. Aos 08.09.1952, tomava posse desta Diocese.

Durante o tempo de seu episcopado, Dom Inácio foi o Bispo que toda aquela Diocese se habituou a conhecer e a amar. Viveu integralmente o lema de seu episcopado: Exit qui seminat seminare (Saiu o semeador a semear).

O Diário de Poços de Caldas assim resume o pastoreio de Dom Inácio: “Dom Inácio foi verdadeiramente o Bom Pastor e Semeador. Por toda parte, em todas as cidades, aldeias e fazendas a sua presença sempre se fez sentir como o grande semeador. O púlpito e o confessionário foram os lugares preferidos do seu pastoreio. Seu exemplo não se apagará. Sua figura patriarcal e simples, cheia de bondade e candura, sempre suave, ficará no coração de todos. Sua vida santa será sempre de exemplo para aqueles que o conheceram e que viveram com um santo.

Voltou da primeira sessão do Concílio Vaticano II com o desejo ardente de trabalhar em prol da Diocese, de fundar o Instituto das Irmãs Franciscanas Rurais e dirigir a construção de um novo seminário maior. Mas, inexorável trombose arterial estava minando, desde há tempo, sua saúde.

Faleceu no dia 29.05.1963, no Hospital de Guaxupé, cercado de vários Bispos e de quase todo o Clero Diocesano. Contava 65 anos de idade, 49 de Vida Religiosa, 39 de Sacerdócio 14 de Bispo e 37 de presença no Brasil.

Está sepultado na Catedral de Guaxupé-MG.

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Dom Frei Inácio de Ribeirão Preto, OFMCap

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