Frei Gaudêncio de Gênova, OFMCap

27.2.1812
14.10.1871

Frei Gaudêncio de Gênova, OFMCap

(Tiago Francisco Zignago)

Frei Gaudêncio, filho de João Batista Zignago e Ângela Cochella nasceu em Gênova (Itália) aos 27.02.1812. Foi batizado a 01.03.1812 com o nome de Tiago Francisco, e crismado aos 05.04.1825. Ingressou na Província Capuchinha Romana. Recebeu o hábito capuchinho com o nome de Frei Gaudêncio de Gênova aos 12.03.1831. Professou aos 30.03.1832.

No Brasil - No dia 27.05.1844, Fr. Gaudêncio estava entre os 21 missionários capuchinhos que desembarcaram no Rio de Janeiro para missionar no Brasil. Aos 09.09.1844, foi destinado a São Paulo, com Fr. Pacífico de Montefalco e Ponziano de Montaldo, com a missão de catequizar os índios do oeste e sudeste paulista.

Aos 19.05.1846 o Presidente da Província Paulista, Manuel da Fonseca Lima, transferiu Fr. Gaudêncio para Campo de Palmas, para ali fundar um novo aldeamento com os índios sobreviventes de um massacre.  

No Paraná - Depois de ter evangelizado os índios de São João de Itaporanga e dos Campos de Palmas, diante da insistência do Bispo de São Paulo, aceitou a Paróquia de Tibagi-PR, sendo nomeado Pároco daquela Freguesia, onde tomou posse aos 23.03.1851.

Bem depressa grangeou a simpatia daquele povo. Mais que por sua alta estatura, ele se impôs pelo seu prestígio pessoal, pelo seu zeu apostólico e por sua jovial cordialidade.

Fr. Gaudêncio encontrou ali pobreza e ignorância, superstição e apatia religiosa, decadência dos costumes, refúgio de aventureiros, caloteiros e especuladores. Propô-se a melhorar o ambiente, aproveitando do culto a Nossa Senhora dos Remédios, ainda vivo entre aquela gente.

Dirigiu a construção da Igreja Matriz de Tibagi, inaugurando-a aos 25.01.1863, porém não terminada, mas podia servir ao culto. Viu coroada de êxito a sua iniciativa e, com todo o júbilo, procedeu à solenidade da bênção daquele templo e a entronização da Padroeira, através da artística imagem de Nossa Senhora dos Remédios, esculpida em madeira, doada pelo Barão de Antonina.

Durante os anos em que preparou e recolheu o material necessário à construção da igreja, Fr. Gaudêncio fez construir, na Praça da Matriz, a sua casa própria de estuque de barro pisado, na qual residiu por alguns anos. No seu quintal plantou uma paineira que, pelas dimensões enormes atingidas quando adulta, e pela sua beleza quando florida, por muitos anos foi objeto de admiração de todos os que habitavam ou visitavam aquela Freguesia.

Quando fazia 11 anos que Fr. Gaudêncio trabalhava em Tibagi, o Comissário Fr. Caetano de Messina pensou em chamá-lo ao Rio de Janeiro para destiná-lo novamente à evangelização dos índios. Recordou-se que os Superiores da Ordem, fiéis ao mandato da Santa Sé, pretendiam que os religiosos não se dedicassem ao cuidado dos civis cristãos, a não ser provisoriamente, ou por força maior.  O seu dever era a conversão dos índios pagãos. Fr. Gaudêncio respondeu ao Superior que até então permanecia em Tibagi somente pela extrema necessidade em que se encontrava aquele povo. Sem o seu trabalho, a população ficaria em completo abandono, pois nenhum outro sacerdote aceitaria trabalhar em seu lugar, naquelas condições. Além da compaixão de abandonar o seu rebanho, ele manifestava também a sua dificuldade em retornar ao trabalho com os índios, devido à sua idade e precária saúde que não lhe permitiam mais viver na selva. No entanto, como filho da obediência, declarava querer viver e morrer sujeito às disposições de seus moderadores.  

Quando o povo de Tibagi percebeu o perigo de perder seu pastor, apressou-se em fazer um pedido ao Comissário para que Fr. Gaudêncio não fosse transferido.

E assim, o pedido foi atendido. Fr. Gaudêncio permaneceu em Tibagi por mais dois anos.

Em abril de 1871, estava muito doente. Em setembro do mesmo ano, Fr. Matias de Gênova (Coadjutor de Castro) o visitou e não escondendo a gravidade do seu estado, o exortou fraternalmente a preparar-se para a “última viagem”. Fr. Matias, lá permaneceu por 20 dias e, a 4 de outubro, Festa do Seráfico Pai São Francisco, celebrou a santa missa no quarto do paciente, repleto de fiéis. Nesta ocasião, Fr. Gaudêncio fez a confissão e recebeu a Unção dos Enfermos. Depois, com voz comovente, pediu perdão aos presentes das suas culpas ou das ofensas que tivesse cometido contra os seus paroquianos, como também perdoava de coração a quantos pudessem somente pensar em tê-lo ofendido. Suplicou a todos que rezassem por ele, para que Deus lhe concedesse o seu perdão, como ele o dava aos outros. Os presentes estavam profundamente edificados e comovidos.

Viveu ainda até o dia 14 de outubro de 1871, quando veio a falecer placidamente às 22h30. Contava 59 anos de idade, 39 de Vida Religiosa e 27 de Missionário no Brasil.

Diz a tradição popular que os seus funerais foram celebrados com muita condolência e o seu corpo foi sepultado dentro da Igreja Matriz por ele construída.

17 de Outubro

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