Frei Matias de Gênova, OFMCap

7.5.1821
10.6.1873

Frei Matias de Gênova (Miguel Grossi)

Frei Matias, filho de Luiz Grossi e Joana Bobbio, nasceu em Gênova aos 07.05.1821. Foi batizado com o nome de Miguel.

Vestiu o hábito capuchinho aos 03.03.1839, no Convento São Barnabé. Posteriormente ao noviciado foi transferido para Sarzana (La Spezia). O mestre era Fr. Cristóvão de Gameragna. Emitiu a profissão religiosa (subentendida como temporária, e perpétua) aos 03.03.1840, em Sarzana, Província e Diocese de La Spezia. O celebrante foi Fr. Caetano Pizzardo de Savona, e o Provincial era Fr. Ângelo Beverino de La Spezia.

No Paraná - Em 1850 foi enviado como missionário ao Brasil pela Propaganda Fidei, chegando em Jataí, PR, com Fr. Timóteo de Castelnuovo.

Fr. Matias, de estatura alta e elegante, de aspecto nobre e ascético, de índole suave e tenaz, de gênio multiforme, infelizmente tinha pouca saúde. Não lhe faltava certamente o espírito de evangelizar os índios da floresta, mas a saúde física não o ajudava. Surgiu nele um drama interior que hoje pode ser avaliado à plena luz, mas que nem todos os seus contemporâneos souberam compreender. Tendo constatado que suas várias tentativas entre os índios foram infrutuosas, por que então não exercer o apostolado onde o clima e o ambiente lho permitiam? Pesava-lhe demais, fervoroso como era, cair na melancolia e condenar-se a mais penosa esterilidade evangélica. Seguindo a voz da sua consciência, decidiu desenvolver sua atividade apostólica entre os civilizados.

Um ano após sua chegada em Jataí, pediu a Fr. Timóteo, seu Superior, para retirar-se em Castro, PR, por motivo de saúde. Ao Pároco, Pe. Damásio José Correa que, ocupado como era também com encargos públicos, e buscava ansiosamente um Coadjutor, foi-lhe um grande presente da providência receber aquele capuchinho inteligente e pleno de ardor. Não deixou fugir a ocasião e, para ligá-lo à paróquia, nomeou-o imediatamente seu Coadjutor. Era o dia 31.12.1855. Ali ele revelou seu excepcional carisma de apóstolo e de organizador, os seus talentos de artista, de pintor, escultor e musicista.

Iniciou imediatamente o seu apostolado, com zelo devorador, cativando a admiração e o amor dos fiéis, e suscitando ondas de entusiasmo. O que muito contribuiu para granjear a simpatia popular foi a sua prodigiosa atividade no ciclo litúrgico da quaresma, na preparação dos fiéis para a Páscoa. Organizou magistralmente a Celebração da Semana Santa de 1856.

Fr. Matias não trabalhou somente no centro, mas percorreu a cavalo ou a pé longas distâncias, num território com mais de 15.000 km². Ele se aproximava das pessoas mais humildes e necessitadas e com elas partilhava as amarguras, sofrendo as fadigas mais extenuantes. Viajando nos povoados, colocava uma pedra, mesmo com dificuldades, e lá surgia uma igrejinha. Deve-se a ele a criação de quase todas as antigas Capelas do Município de Castro, sementes de futuras paróquias, destacando-se entre elas Piraí do Sul, dedicada ao Menino Jesus, com o famoso Santuário de Nossa Senhora das Brotas.  

O nome de Fr. Matias está ligado a uma obra das mais grandiosas, existente ainda hoje, como um dos monumentos mais antigos do Paraná: A Igreja Matriz de Castro. Foi o arquiteto, o empresário e o diretor dos trabalhos desta obra. Uma verdadeira maravilha de templo!

Como artista que era, esculpiu em madeira as imagens de Nossa Senhora das Dores, do Senhor dos Passos e Jesus Crucificado, ou Senhor do Bonfim, devoção muito difusa para suscitar nos fiéis o pensamento da boa morte. Suas obras artísticas se encontram na Matriz de Castro.  

Este capuchinho, enquanto se sacrificava, tanto nas obras da matriz e nas excursões apostólicas, idealizava outra iniciativa: construir uma casa de caridade, dividida em dois setores: um para as crianças pobres e outro para os idosos sem recursos. Com os subsídios recebidos da Comarca local e a ajuda do povo, dedicou-se de corpo e alma à realização desta obra.  

Escultor, pintor, aproveitava os momentos de permanência na cidade para fazer as imagens que hoje ornam os altares da matriz. Modesto, procurou sempre ocultar o seu nome em todos os seus trabalhos, só aparecendo quando imprescindível. Nada revela o seu nome, entretanto, muito trabalhou. Credenciado pela estima e consideração do povo de Castro ao ver o grande templo atingir seu objetivo, iniciou outra obra de vulto, o Hospício de Caridade e Amparo à Infância Desvalida.

Fr. Matias faleceu em Castro aos 10.06.1873, com 52 anos de idade, 33 de Vida Religiosa e 22 de Missionário no Brasil. Está sepultado em Castro, no Cemitério que recebeu o seu nome: Cemitério Frei Matias.

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Frei Matias de Gênova, OFMCap

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