Franciscano

Bem-Aventurado Guilherme de Sicli

Eremita da Terceira Ordem (1309-1404). Paulo III concedeu em sua honra ofício e Missa no dia 27 de junho de 1539.

Nasceu em 1309 em Noto, Sicília, de família ilustre. Aos 16 anos foi escolhido como pajem na corte de Frederico II de Aragão, rei da Sicília. Numa batida de caça organizada pelo rei nos arredores de Catânia, aconteceu que Frederico II foi atacado por um javali; Guilherme meteu-se de permeio, enfrentando a fera e salvou o rei, mas sofreu fratura do fêmur direito, e o seu estado de saúde agravou-se tanto, que se preparou para a morte recebendo o viático com profundo recolhimento. Durante a noite apareceu-lhe Santa Águeda, dizendo: “levanta-te, irmão Guilherme, abandona a corte e vai viver em solidão, e ouve o que Deus te dirá ao coração”. Curado, mas desertor, apresentou-se ao soberano, revelou-lhe a aparição, e comunicou-lhe a decisão de se consagrar a Deus. O rei concedeu-lhe um lugar chamado “A cela do Castelo”, nos arredores de Noto, ao pé da igreja do Crucificado. E resolveu acetar também a oferta de um cavalo e de uma pequena quantia em dinheiro. Mas esses presentes logo de seguida os deu a um pobre, em troca das miseráveis vestes do mesmo, que passou a usar.

Nessa “Cela” viveu em absoluta pobreza, e por alguns anos em companhia do confrade e Terceiro Franciscano S. Conrado Confaloniéri, de Placência, que mais tarde veio a ser protetor de Noto. Quando este, para se arredar ainda mais do mundo, escolheu a localidade chamada Pizzóni, Guilherme recebeu da Mãe de Deus ordem de ir para Sicli, para renovar o culto à Senhora da Piedade. Ao lado da igreja construiu com suas próprias mãos um pequeno eremitério, onde viveu em áspera penitência e em oração constante e fervorosa, fomentando a devoção à Virgem Dolorosa e fazendo bem a todos.

Em 1350 recebeu a visita de São Conrado Confaloniéri, com quem passou em oração toda a quaresma. Em 1382 ampliou a igreja de Santa Maria da Piedade. A devoção a Nossa Senhora voltou a florescer. A estima e veneração que os habitantes de Sicli e das regiões limítrofes tiveram pelo heroico eremita foram tais, que em pouco tempo aquele lugar solitário se transformou em meta de peregrinações frequentes e fonte de prodígios celestiais.

Frei Guilherme, eremita terceiro franciscano, viveu neste novo eremitério durante 57 anos. Dormi sobre a terra dura, alimentava-se com aquilo que a caridade dos fieis lhe oferecia em sinal de devoção e reconhecimento. Vivia em constante oração e contínua união com Deus.

No dia 4 de Abril de 1404, aos 95 anos de idade, abriram-se-lhe as portas do céu. Os sinos tocaram em repique festivo anunciando a sua morte ditosa. Clero e povo dirigiram-se ao eremitério, onde encontraram o velho eremita com as mãos juntas estendido no chão, rodeado de esplendores celestiais. Parecia absorto em êxtase. Foi trasladado em procissão para a igreja de São Mateus em Sicli, e sepultado num jazigo de mármore.

Fonte: Santos Franciscanos para cada dia, Ed. Porziuncola