A PANDEMIA CHEGOU. MAS, JESUS NÃO PAROU DE CHAMAR!

A PANDEMIA CHEGOU. MAS, JESUS NÃO PAROU DE CHAMAR!

Estamos em agosto, mês que a Igreja lembra e convida todo povo a refletir, rezar e compreender melhor a sua própria VOCAÇÃO. Mas, agosto também marca o vigésimo mês desde o início da Pandemia do Covid-19. Em ambos os casos é oportuno fazermos uma reflexão pessoal e, porque não, que nos leve a dar novos passos.

Para partilhar com você sobre este tempo de discernimento recordo-me de uma bela canção que diz: ♪♫Um dia escutei teu chamado, divino recado, batendo no coração ♪♫. O que é vocação senão um chamado e, portanto, uma voz que chama. Voz – divina e pessoal – que só percebe quem escuta o mais íntimo de si mesmo, porque Deus fala diretamente ao coração. Voz, que disse no princípio da criação: “façamos o ser humano a nossa imagem e semelhança” (cf. Gn 1,26). Voz, que num sopro de Deus deu-nos a vida (cf. Gn 2,7). Vida que é dada como dom e vocação. O primeiro chamado: o chamado a vida.

Num tempo em que tantas vidas são perdidas pela falta de um sopro de oxigênio, recordemos como estamos vivendo a nossa própria vida. Existindo por existir, ou, vivendo plenamente, intensamente, sinceramente? Como diz Santa Teresinha, a vida é um instante entre duas eternidades. Portanto, como tenho vivido esse instante chamado hoje? Como uma vida feita missão, pois, a vida é missão, como recorda o Papa Francisco? Como uma vida feita vocação?

Continua a canção dizendo: ♪♫Deixei deste mundo as promessas, e fui bem depressa no rumo da tua mão♪♫. Vocação é chamado de Deus, mas que necessita de uma resposta humana. A vocação sempre nos interpela a darmos uma resposta, e esta, quando sincera e plena, preenche o nosso ser. Por isso a canção exclama no refrão: ♪♫ Tu és a razão da jornada, Tu és minha estrada, meu guia, meu fim♪♫. E neste dialogo de amor entre Deus e o ser humano uma atitude é essencial: a oração. Sem ela não há escuta. Fica inviável uma resposta.

Na caminhada da vida Deus sempre está conosco. Às vezes podemos até nos sentir distante d’Ele, mas Ele continua ali, fiel e amigo. Como dizia o Papa Bento XVI, “Jesus não tira nada do que há de formoso e grande em vós, mas leva tudo à perfeição para a glória de Deus, a felicidade dos homens e a salvação do mundo”. A vocação nos quer fazer melhores, levar-nos à plenitude da qual nascemos para ser. Diferente da aptidão que podemos ter para sermos um bom advogado, médico, ou talvez um professor, a vocação enquanto estado de vida quer nos levar ao melhor de nós mesmos. E nesta vida ninguém é tão capaz de saber plenamente sobre nós mesmos, senão aquele que desde o ventre materno nos conhece e ama: o próprio Deus. Por isso não há o que temer! Seja na vida matrimonial, sacerdotal, religiosa ou consagrada. Não há o que temer.

♪♫No grito que vem do teu povo, Te escuto de novo, chamando por mim♪♫. E Jesus continua a chamar também hoje, e sempre chama, pois quer que todos nós sejamos plenamente felizes, realizados. Como diz a canção, esse chamado continua a ecoar também no grito do povo: nas suas dores, de não ter o básico para viver, nos refugiados por causa da guerra, nos sedentos de justiça e pão, na solidão do isolamento, no vazio de não poder nem se despedir de seus entes queridos. E, em tantas outras dolorosas situações.

À atitude da oração se junta à sensibilidade de ver e tocar a realidade que nos cerca. A vida atual oferece muitas coisas, aparentemente rápidas, fáceis e agradáveis. A própria pandemia nos impôs uma quarentena e, nela, aprendemos novos modos de não sermos privados do necessário. Mas, essa mesma pandemia pode ter nos distanciado da realidade e, com isso, esfriado nossos corações. Sejamos atentos! ♪♫No grito que vem do teu povo, Te escuto de novo, chamando por mim♪♫.

Seja na oração e na sensibilidade a realidade que nos cerca, nestas duas atitudes já temos elementos necessários para um bom processo de discernimento vocacional. E te afirmo que Jesus não parou de chamar, talvez sejamos nós que não paramos mais para ouvir, ver e tocar! E nunca, como nesses tempos atuais, foi tão essencial ouvir, ver e mesmo tocar.

Agosto é este mês especial que nos convida a estas atitudes, mas, que na verdade quer nos recordar que é preciso tê-las em todos os dias da nossa vida. Vocação é chamado, e quantas e quais vozes temos ouvido? Quais realidades têm nos tocado? Vocação é resposta, e qual estamos dispostos a dar? Vocação é plena realização do ser humano, qual ser humano eu estou sendo e desejo ser?

♪♫Um dia escutei teu chamado, divino recado, batendo no coração.

Deixei deste mundo as promessas, e fui bem depressa no rumo da tua mão.

Tu és a razão da jornada, Tu és minha estrada, meu guia, meu fim.

No grito que vem do teu povo, Te escuto de novo, chamando por mim♪♫.

Autor:
Frei Adriano Borges de Lima
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