Capuchinhos de Minas Gerais se reúnem para Retiro Quaresmal 2024

Capuchinhos de Minas Gerais se reúnem para Retiro Quaresmal 2024

Já é um costume para os Frades Capuchinhos de Minas Gerais se reunirem sempre na primeira semana da quaresma para se prepararem para as celebrações da Quaresma e Páscoa. Neste ano não foi diferente, depois de um tempo marcados pela Pandemia de COVID-19, neste ano os frades puderam se reunir entre os dias 19 e 23 de fevereiro, no Recanto Coqueiro D'Água, em Santa Luzia - MG.

Impelidos pelo tema: “As pessoas consagradas são chamadas pelo Espírito a uma constante conversão para dar uma nova força à dimensão profética da sua vocação” (Partir de Cristo, n. 1) os irmãos se propõe a um tempo de espiritualidade e revisão da vida e missão, acompanhe abaixo um resumo de como foram esses dias de encontro:

19/02/2024 - Primeiro dia

Recanto Coqueiro D'Agua

A partir do lema "Vinde, vamos subir a montanha do Senhor: ele vai nos mostrar a sua estrada e nós vamos trilhar os seus caminhos" (Is 2, 3). Os irmãos foram convidados a iniciar seu caminho e a partir do tema da criação. Guiados pela Palavra de Deus.

Logo na abertura do encontro, Ms Luiz Antônio, que conduz o encontro, recordava aos frades sobre a Palavra da Sagrada Escritura e que Deus tem uma profecia a cada um de nós. Portanto, o frade é chamado a contemplar os estigmas de São Francisco por meio do mistério que se apresenta a partir do amor e da dor.

Por meio da chagas de Francisco somos convidados a contemplar nossas próprias chagas, reacender em nós o amor daquele que nos chamou. Por isso, somos chamados a subir o Alverne, lugar da cura e do acolhimento com nossas próprias chagas. No entanto, é necessário recordar sempre de que, neste caminho, não estamos sós. Então, eis o convite:

Vinde, subamos, mas não sozinhos!

20/02/2024 - Segundo dia

Síntese do período da manhã

No segundo dia de encontro, a reflexão segue a partir da perspectiva da misericórdia.

Uma vez que os frades "subiram ao Alverne", agora é preciso contemplar o sacrifício, mas sempre na perspectiva de que o Senhor quer a misericórdia e não sacrifício (Mt 12,7).

Mas para isso, é necessário entender que o Alverne não se deu de repente, mas aconteceu a partir da contemplação de Francisco sobre o amor e a vida espiritual que sempre cresce, em espiral. Na verdade, fazendo o caminho com Francisco (das chagas e com os irmãos é possível entender que: as chagas fazem parte dessa história; que o encontro com o Leproso é sempre um encontro afetivo; que o encontro se dá de forma pessoal; que a Igreja é sempre mistério; e que se encontra Cristo nas próprias chagas da vida.

Ainda durante a noite, neste dia, os irmãos participaram de um momento de devoção a Nossa Senhora. Com isso, para hoje, o grande convite sempre será que:

"Mergulhemos na dor e na ferida, com fé e esperança de que Ele nos vê!"

21/02/2024 - Terceiro dia

“Subir o Alverne, desposando a Senhora Pobreza. O Alverne só se sobre pobremente!” essa foi a passagem que motivou as primeiras horas deste terceiro dia de encontro.

Frei Esdras, Frei Adilson Gonçalves e Frei André Aguiar durante intervalo do encontro

Os frades refletiram sobre deixar tudo e seguir ao mestre, a partir da Passagem de Mt 19,27. Ao deixar, não se negocia esperando algo em troca, mas é um ato de gratuidade, pois na lógica da troca, a pessoa se torna dependente do fora. A lógica da negociação ganhou uma versão religiosa aplicada ao relacionamento com Deus. É a lógica dos fariseus e dos escribas, a mentalidade do rigorismo, a aliança como contrato baseada nas bençãos e maldições de Dt 28. Neste mesmo sentido, os frades continuaram sua caminhada subindo o Alverne para encontrar a Cristo autor e principio da fé.

Todos foram convidados a olhar para dentro de si e reconhecer a gratuidade do chamado divino. E a partir disso os frades foram convidados a subir o Alverne, mais uma vez.

A tarde a reflexão seguiu a partir de alguns aspectos essenciais para quem faz esse caminho:

Gratuidade -  pois é necessário que o bem se faça sem nada em troca;

Minoridade - entendendo o outro em primeiro lugar;

Perdão -  plenitude de todo bem;

Gratidão - Capacidade de louvar e dar graças pelos dons.

E a partir dessa reflexão, os frades foram convidados a seguir na oração pessoal e na partilha, pois sempre é preciso que "Busquemos a vontade de Deus em nosso coração!"

22/02/2024 - Quarto dia

Irmãos rezam durante adoração Eucarística

“Estigmas: um dom de maturidade, um dom de amadurecimento!”

Neste quarto dia, os frades pensaram sobre a pregação. Francisco fez uma feroz defesa do escondimento de seus estigmas.

Em um certo sentido, para os de fora os estigmas eram objeto de curiosidade, mas para o estigmatizado a realidade era bem outra, as chagas eram um segredo, algo da intimidade de sua relação com Deus. Para Francisco, os estigmas foram mistério de amor e de dor que se consumou na rocha nua do Alverne, verdadeiro leito nupcial, um amor do mesmo gênero do Calvário. No universo capuchinho temos a figura de São Pio de Pietrelcina, para o qual, em um primeiro momento, os estigmas foram uma punição pelos seus pecados, um castigo do furor e da ira de Deus.

As chagas de Francisco são o coroamento de um caminho. As chagas de Pio são o início de um caminho. Pio precisou fazer um movimento de ressignificação das chagas. Com ele, nós aprendemos essa lição, precisamos ressignificar amorosamente nossas chagas, é um longo processo que dura toda a vida, mas precisa ser feito. Ao final do dia, os frades presentes em fraternidade, se reuniram para a um momento de adoração e recolheram-se para. Para o quarto dia, contudo, a reflexão segue para um caminho, pois o convite é de que:

Confiemo-nos ao Senhor!

23/02/2024 - Quinto dia

Fraternidade Provincial

Se um dia, subimos ao Alverne, agora era preciso “Descer o Alverne mais humano, mais humanizador!”, pois “O Cristo desfigurado nos reconfigura” (Gl 2, 21-21a).

O critério seguro e certeiro para verificar uma suposta experiência de Deus é a repercussão no cotidiano, pois, uma autêntica experiência de Deus humaniza. assim como Francisco desceu o Alverne ainda mais humanizado. O Alverne foi uma experiência extraordinária mas ele não se permitiu ser um super-homem, ele continuou penitente e continuou sendo irmão entre irmãos.

O fio condutor de sua vida ao descer o monte foi a misericórdia, sobretudo, com os doentes e sofredores. Ele era um enfermo entre os enfermos. Os doentes vão a Francisco, mas Francisco decide ir aos doentes. É preciso retornar, e mostrar os frutos na fraternidade.

Após a missa de encerramento e o almoço, os frades retornaram para suas fraternidades.

Autor:
Assessoria de Comunicação dos Capuchinhos de Minas Gerais
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