Pouco mais de 130 anos depois da chegada de frades italianos ao estado de São Paulo é a vez dos paulistas colaborarem com a missão da Ordem dos Frades Menores Capuchinhos em outro país reimplantando a Ordem no Chile.

No primeiro encontro dos frades, em fevereiro deste ano, foi lida uma carta do Ministro Geral, Frei Roberto Genuin, consultando a possibilidade da Província de São Paulo assumir a Província dos Capuchinhos no Chile que será convertida em Delegação. No dia 24 de abril, depois de reflexões, os irmãos enviaram para Roma a resposta positiva para o novo desafio.

A carta com o SIM

No documento, Frei Arcanjo descreveu a ousadia missionária que fez a Ordem avançar, mas também apresentou suas preocupações e de toda a Província (a partir das considerações que cada fraternidade enviou a seu Conselho):

“[…] como nos organizar e traçar metas para assumir um projeto desta dimensão, uma missão em outro país, sendo que no atual momento não tivemos ainda a oportunidade de conhecer a realidade dos confrades a nós confiados[?]”, indagou e ainda acrescentou: “É difícil para nós receber essa proposta do Governo Geral e tendo que respondê-la de forma tão apressada sem o tempo necessário para uma melhor interação com os frades chilenos”.

Da carta do Ministro Geral, datada de 2 de fevereiro, até a resposta positiva passaram-se apenas 2 meses. Cinco dias depois da carta aceitando o novo desafio, em 29 de abril, chegou de Roma a resposta. Frei Roberto Genuín, Ministro Geral, comunicou que acolheu com solicitude as preocupações da Província de São Paulo e as mudanças que precisarão acontecer por aqui, no entanto escreveu: “é justamente essa a nossa vocação”.

Cerca de 3 ou 4 reuniões do Conselho, desde março, tiveram como pauta principal a missão em terras chilenas. As avaliações das fraternidades que realizaram Capítulos Locais extraordinários foi fundamental para amadurecer a decisão. Os irmãos, em suas respectivas fraternidades, chamaram atenção para desafios como o idioma, a cultura e a própria pandemia, mas avaliaram que este sim é uma forma de crescimento para a Província. “Vamos somar com os frades que lá estão, agregar histórias e experiências”, comentou Frei José Gomes (Portuga), Secretário Provincial.

Para o Vigário Geral da Ordem, Frei José Angel Torres:

“a Província Capuchinha de São Paulo tem anos de história e maturidade para assumir uma nova missão. Assumir a realidade da nova Custódia do Chile reacenderá o entusiasmo missionário nos irmãos e ajudará a mesma Província a reorganizar suas energias para continuar frutificando além dos limites de suas fronteiras. O Ministro Geral confia nas potencialidades desta Província e acredita que ela servirá de estímulo para que as demais Províncias possam acolher posteriormente o chamado missionário que o Ministro geral lhes apresentou na ocasião”.

A rica presença dos capuchinhos no Chile

“O Chile é um país de grande tradição católica onde os frades capuchinhos, vindos de vários países europeus, contribuíram para a implantação da Igreja e fundaram obras sociais de grande importância, especialmente no seio das comunidades indígenas. Os frades são muito apreciados pelo povo chileno, graças a grandes personalidades que deixaram sua marca ao trabalhar para atender às diversas necessidades do povo chileno. Figuras como Lázaro Iriarte, por meio das oficinas de oração e vida e suas diversas publicações, tornam o legado dos irmãos conhecido internacionalmente.

No Chile você encontrará um terreno fértil e carente de apoio e de novo entusiasmo. A idade avançada dos irmãos e a situação atual da Província fizeram com que o Ministro Geral pedisse à Província de São Paulo a ajuda para reavivar a chama do carisma neste importante lugar da América hispânica.”

Conversamos com Frei Miguel Ángel Ariz, atual superior da Província dos Capuchinhos no Chile. Em uma fraterna e rápida conversa, o sorridente chileno disse que os capuchinhos no Chile estavam ansiosos para saber qual seria a Província que os ajudaria. Ele disse que ficou feliz em saber que se tratava da Província de São Paulo. Perguntamos como os brasileiros poderiam ajudar os chilenos:

“Estamos diante do desafio de nos renovar espiritualmente. Sem dúvida, os que vem também estarão nesta onda. Este momento de pobreza extrema para nós se converte também em um desafio de minoridade e confiança em Deus e também em um desejo de colaborar. Não é que eles vêm fazer tudo, não! Creio que vá ser também obra de Deus e temos que trabalhar juntos nesta tarefa de renovar nossa vivência do carisma e trabalhar vocacionalmente. Será um desafio para todos!”.

Os contatos, até agora, estão sendo feitos como é possível: por e-mail e Whatsapp.

“Assim que a fronteira for liberada e tivermos condições seguras para viajar nós iremos conhece-los”, disse Frei Arcanjo.

Essa ousada proposta missionária que nos chega como uma ação do Espírito suscita em nós o desafio de cooperar e fazer fraternidade. Aceitando este desafio que o Ministro Geral Roberto Genuin nos propõe, nossa Fraternidade Provincial é vocacionada a velejar com o Senhor para “águas mais profundas”. Que a oração e a coragem nos auxilie a vencer o medo ou qualquer tentação de comodismo.

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