Entre os dias 8 e 15 de outubro, em Bogotá, na Colômbia, estiveram reunidos 24 animadores de Justiça, Paz e Integridade da Criação (JPIC) da América Latina, em vista de “reacender a JPIC” em todas as circunscrições capuchinhas. Representavam 18 circunscrições capuchinhas, contando com a presença da Irmã Marinalva Carvalho, das Franciscanas do Coração de Maria, membro da JPIC dos Capuchinhos de São Paulo. Esteve também frei Joel de Jesus, coordenador do Serviço de Justiça, Paz e Integridade da Criação da Ordem.

A semana iniciou com a recordação da JPIC dos capuchinhos na América Latina, por frei Darwin Orozco, e uma explanação da JPIC na Igreja e na Ordem, por frei Joel de Jesus. A seguir, frei Aldir Crocoli expôs a “inspiração franciscana e a JPIC”, enfatizando o encontro de Francisco com o sofrido leproso como fundante em nossa espiritualidade. Durante os dois dias seguintes, o diácono colombiano Alírio Cáceres, assessor do CELAM (Conferência Episcopal Latino Americana), e o padre comboniano Dario Bossi, membro da rede Igreja e Mineração e assessor das Pastorais Sociais da CNBB Nacional, conduziram uma análise eclesial a partir do Magistério do Papa Francisco (aprofundando a Laudate Deum) e uma análise socioambiental da realidade latino americana.

O aprofundamento eclesial e social foi de grande importância, uma vez que o serviço JPIC busca ser a “voz dos pobres e da casa comum”, o que requer bom conhecimento da conjuntura atual. Os assessores conduziram também duas oficinas sobre ecoespiritualidade e incidência política, vindo muito de encontro a expectativa dos participantes do encontro. Em sequência, os participantes estiveram na periferia de Bogotá, em Ciudad Bolívar, área de cerca de um milhão de habitantes. Com uma partilha inicial pela comunidade sobre a realidade em que vivem os colombianos nas áreas mais periféricas, os animadores de JPIC seguiram, com membros da comunidade, ao encontro das famílias para escuta e compartilhar o apoio e a oração, com a entrega de uma recordação a cada família visitada, uma pequena imagem do Menino Jesus, em sintonia com o Centenário de Greccio.

Por fim, nos últimos dias, os animadores se detiveram nas ferramentas para animar a JPIC e a pensarem um Plano JPIC possível para as circunscrições capuchinhas, em vista de animar a JPIC junto aos irmãos e as nossas presenças, fortalecendo o que já tem sido realizado, comunicando melhor sobre a JPIC e a sua missão, em conjunto com os vários secretariados de cada circunscrição e em conjunto com os movimentos populares e organismos eclesiais comprometidos no campo da JPIC. Dentre as ferramentas apresentadas, temos o Manual de JPIC da Ordem, que vem sido revisado e em processo de uma segunda edição. Também foram apresentados a Franciscans International, a missão do animador de JPIC e um aprofundamento do serviço, a partir dos seus quatro níveis:

Nível 1: Abordar as necessidades imediatas (das pessoas e do meio ambiente).

Nível 2: Empoderamento (das pessoas e em relação ao meio ambiente): promoção humana e projetos ambientais.

Nível 3: Transformação da sociedade e do sistema: transformação social e incidência política.

Nível 4: Restaurar a dignidade dos excluídos e do ambiente deteriorado à sua dignidade de filhos de Deus.

Na “transformação da realidade” se encontra muito o específico da atuação da JPIC, uma vez que os serviços a nível assistencial e, às vezes, de promoção humana vêm acontecendo em nossas presenças. Urge um aprofundamento das ferramentas e do comprometimento evangélico para que todos tenham “vida em abundância” (Jo 10,10), com a transformação da realidade de exclusão e exploração, que o próprio Cristo nunca aceitou e, em seus gestos, palavras e posicionamentos, buscou rever e mudar.

O Encontro, assim, aconteceu como um grande aprofundamento carismático, entre momentos de profunda oração, partilhas, análise socioeclesial, proximidade junto aos empobrecidos e propostas concretas de atuação do serviço JPIC! Sabemos que o serviço é ainda novo, desde as últimas décadas após o Vaticano II, mas o mais novo, não significa o menos importante. A JPIC está no DNA franciscano. Francisco é o santo da paz, o patrono dos ecologistas e o irmão de todos os mais vulneráveis! Diante de tanta injustiça, discórdia e depredação ambiental temos responsabilidade com a realidade de hoje.

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