Mineiridade

Mineiridade

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Fala-se, Brasil a fora, de MINEIRIDADE; determinadas marcas, características determinantes do povo deste chão... Isto chega, aqui e ali, aos nossos ouvidos: povo silencioso, taciturno, quase, avesso aos barulhos e grandiloquências; gente de colóquios amenos, ao cair das tardes, das serestas ao luar, das conversas noturnas, soturnas noite a dentro, povo religioso...

Se tudo isso procede, não sabemos. O que nós sabemos é que nosso chão é duro, de pedras e rochas, salpicado de metais e que somos filhos daqueles que vergaram sua espinha em trabalho penoso e escravos, e aí, perdidamente, se apaixonaram pela liberdade... O que sabemos é que as pedras e as rochas nos ensinaram: que tudo que é duradouro e resistente exige tempo e paciência. Pelo menos, o mesmo tempo e paciência que precisou a terra, nossa mãe, para gerar as pedras seculares sobre as quais caminham nossos pés. Talvez, daí nossa FRATERNIDADE.

O que sabemos e conhecemos são as montanhas que nos cercam por todos os lados. Nossos horizontes HORIZONTAIS são curtos, não alcançam mais longe do que até a próxima montanha... Por isso, não temos outra saída para nosso olhar, senão erguer os olhos para as ESTRELAS; por isso, nós as amamos e nos sentimos bem em sua companhia, à noite. Talvez, por isso, sejamos românticos?

E vamos às montanhas, porque não temos outras chances, porque nossos caminhos passam por elas... E porque nos sentimos bem lá, costumamos erguer, lá, alguns refúgios para que os homens se sintam próximos dos céus e acolhidos entre aterra e o céu. Talvez, por isso, sejamos “religiosos”?

Realmente não sabemos se já isto que se chama MINEIRIDADE e o que isto seria. O que sabemos é que nos sentimos bem aqui “entre as montanhas”, sob as estrelas, em silêncio [e que, em nosso coração, há sempre espaço].

Autor:
Frei Prudente Lúcio Nery, OFMCap
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