O Papa alinhado com São Francisco

O Papa alinhado com São Francisco

Frei George reflexiona sobre a Economia de Francisco e sua relação do Papa, em Roma, com o santo, de Assis.
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No presente artigo, esforçamo-nos para compreender como está fundamentada a economia do Papa Francisco nas concepções econômicas franciscanas. Objetivamos contribuir com uma reflexão que fosse pertinente aos nossos dias, que pudesse mostrar que os sistemas vigentes não servem mais à humanidade e que existem forças em movimento para mudá-los.

Para isso, iniciamos inserindo-nos no contexto de São Francisco de Assis que, junto a seus companheiros, ofereceu ao mundo a experiência da fraternitas. Na vida fraterna, cada pessoa é recebida e compreendida em sua totalidade, não há espaço para preconceitos. O convívio fraterno entre os homens permite que sejam superadas todas as barreiras de divisão. Por consequência, a consciência de que todos são irmãos, por isso iguais, cresce e torna o ser humano capaz, como o foi o Poverello, de entender-se parte de uma infinita fraternidade cósmica onde todas as criaturas têm a mesma origem divina, são irmãs.

A partir da compreensão da fraternidade, faz-se possível a abnegação do direito de posse. Em sentido mais espiritual, a não-propriedade permite ao homem viver em paz consigo e com os outros, porque não precisará dispensar energia para defender seus bens dos inimigos. Em sentido sociológico, abnegar a esse “direito” propicia à humanidade promover o projeto do bem comum, que visa o pleno desenvolvimento dos povos.

Ainda na primeira seção, exploramos as contribuições do mestre franciscano francês, Pedro de João Olivi. O pensador, através de sua militância pelo uso pobre dos bens e por sua proposta de uso justo do dinheiro e preços justos do mercado, inspirará a criação de instituições de crédito que permitem o desenvolvimento sadio dos citadinos. Atualmente, os bancos comunitários espalhados pelo mundo têm cumprido, a seu modo, o mesmo papel dos Montepios. Essas instituições, que já existem, se fomentadas serão capazes de fazer face aos bancos que lucram com usura e capital improdutivo depositados em paraísos fiscais.

Na segunda seção tivemos o objetivo de apresentar as concepções do Papa Francisco sobre o tema. O valor inegociável da vida humana e da natureza é o essencial em seu pensamento. Pudemos ver que, para o pontífice, não há possibilidade de separar o debate econômico de outras realidades, como se fossem independentes. Consequentemente, a mudança de uma realidade requer necessariamente a mudança de todas. Em seus escritos, o papa condena o neoliberalismo e demonstra como a objetificação da criação é geradora de morte. Seu apelo está intimamente ligado à consciência fraterna que tem faltado aos homens. Como no estudo dos pilares franciscanos, para o Papa Francisco a experiência fraterna é a chave de solução para os problemas. Porque, apenas quando nos reconhecermos irmãos, seremos capazes de lutar pelo bem comum.

Tínhamos por objetivo encontrar a relação existente entre as concepções econômicas do papa e aquelas franciscanas. Na terceira seção de nosso artigo, investigamos como se dá esse vínculo e estabelecemos as conclusões. O Sumo Pontífice se une ao Santo de Assis não apenas pelo nome, mas pelas ideias. Os ideais de fraternidade universal, distribuição de bens, equidade social e ecologia integral são as bases de uma economia do Papa Francisco. Seus objetivos podem parecer utópicos, porém, nota-se que já encontram respaldo em alguns setores da sociedade.

Dentre tantas vozes que clamam por renovação, ecoa fortemente a do líder da Igreja Católica que, imbuído de espírito cristão e seguindo as pegadas de Francisco de Assis, questiona o mundo e propõe novos caminhos. Suas propostas podem soar insanas para os setores que enriquecem às custas do sangue dos homens e da devastação da natureza. Todavia, essas concepções têm gerado debates necessários entre os interessados em tornar o mundo um lugar de equidade e paz.

O Papa Francisco questiona a divinização do mercado, assim como o fez o Poverello em seu século, e enfatiza com convicção a verdade de que, se continuarmos dessa forma, o destino que nos espera será trágico. A uma conversão integral convoca todos os homens e mulheres do planeta, a fim de que possamos juntos substituir as engrenagens puídas do sistema por novos instrumentos que gerarão o bem comum, o progresso sadio, a vida em abundância.

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