Poema: Saída
Poema: SAÍDA
Frei Kater
Ao toque do tempo
Vasculha incessante procura
Que mata quem persegue
Uma vida toda por sua cura
A dor grita
Seus comensais bradam
Da aflição, de morte e trauma
Quem são os que escapam
Contornados de rancores
E erros passados
Salpicados de desamores
Quem não leva fardos aos seu lado?
A cura é a excelência
Que se fechem as feridas
Mas que não seja melas
As únicas a reinar em nossas vidas
Vivemos como hipocondríacos
Que preferem o remédio
Xarope de groselha
Ao restabelecimento do modo doentio
Somos por acaso mais felizes
Alimentando dores?
Depois de passar a pomada
Por que permanecemos nos dessabores?
Cicatrizes ficam
Mas elas não nos prostram
O canto deveria ser “sobrevivemos!”
Nunca “quando à dor retornaremos”
A dor não pode ser um fim
Sempre é passagem
Um calvário para o domingo eterno
Um distúrbio ou uma miragem
Saí para fora da tumba
Abandona a mortalha escarlate
Pode ser quente, mas está podre
E vida sem ela é liberdade
Deus quer a nossa cura
Mas não que ela nos preda ao ego
Deve nos conduzir para fora
Para construir um Reino bom e eterno.