50 anos da Casa de Formação em Campo Grande (MS)

50 anos da Casa de Formação em Campo Grande (MS)

50 ANOS: Jubileu da construção da Casa de Formação Capuchinha (Seminário) Nossa Senhora de Fátima em Campo Grande (MS)

Uma ousadia dos frades gaúchos, acolhida pelo povo Campo-grandense, se firmou e fez história no Centro-Oeste do Brasil.

Anos de 1975 e 1976. Dois anos incompletos. Foi o tempo que durou a construção do seminário Nossa Senhora de Fátima, enquanto a casa não estava pronta os seminaristas ficavam em casas de amigos chamados de “pais benfeitores” porque os consideravam como filhos.  Permaneceram nas famílias de 4 de março a 20 de agosto de 1975, quando, mesmo não estando pronta a casa, resolveram entrar e concluir morando dentro dela.

Reconhecidamente registramos aqui seus nomes das famílias benfeitoras desse acontecimento:

- Na casa do sr. Emiliano Barbosa de Souza e sra. Donária Faustino de Souza foi acolhido Nereu Todescato;
- Na casa do sr. Vicente de Paulo Rinhel e sra. Dora Maria B. Rinhel foram acolhidos Daniel Lagni e Cláudio Fumegalli;
- Na casa do sr. Francisco Iran Duarte e sra. Rosaura Ditmar Duarte foi acolhido Moacir Casagrande;
- Na casa do sr. Marian Bernobic e sra. Honorina Ocampos Bernobic foi acolhido Onil José Lorenzzetti;
- Na casa do sr. Pedro de Azevedo Nogueira e sra. Conceição Borges Nogueira foram acolhidos Álvaro Cerbarro e Odolir Eugênio Dal Mago;
- Na casa do sr. Raul Barbosa e sra. Virginia Alves Barbosa foi acolhido Alberto Cadorin;
- Na casa do sr. Miguel Abraão e sra. Aparecida Martins Abraão foi acolhido Egídio Gabriel Gayeski;
- Na casa do sr. Wilson Porfírio dos Santos e sra. Célia Faria dos Santos foram acolhidos Evaldo Roque Tartas, Renor A. Pegoraro e Zigo Sbalchiero;

A construção do seminário contou com recursos vindos da Província do Rio Grande do Sul, dos cursilhistas e contou ainda com ajuda da Paróquia nas promoções de churrascos e doações de alimentos, com vendas de discos do frei Gregório. O povo alemão cooperou com uma boa soma em dinheiro. Todo dinheiro de batizados, casamentos, esmolas na missa também foi de muita valia.  As famílias que acolheram os seminaristas faziam promoções específicas para ajudar na formação dos mesmos. Assim foi possível levantar a casa e também os muros ao redor da Igreja e do seminário para segurança de todos. O prefeito Levi Dias doou o asfalto da paróquia.

Os seminaristas se ocuparam na formação novas comunidades e de grupos jovens em todas elas, atuando em catequese, círculos bíblicos e outros trabalhos pastorais. Por ocasião da Semana Santa os seminaristas partiram para as diversas paróquias confiadas aos capuchinhos na região do então estado de Mato Grosso, para ajudar os confrades no trabalho pastoral. Isso aconteceu todos os anos até a reorganização das fraternidades com a criação da Província do Brasil Central anos mais tarde. Também nos primeiros sete anos, por ocasião das férias dos párocos, seminaristas iam às paróquias para ser presença e fazer estágio pastoral.

No dia 20 de agosto de 1975 os seminaristas passaram a morar no Seminário Maior Nossa Senhora de Fátima em Campo Grande, mesmo sem ainda ter sido concluído. Os próprios formandos, orientados por um pedreiro, um eletricista e um pintor deram acabamento à obra, colocando lâmpadas e tomadas, azulejo e piso, pintura e calçada. Mas a benção oficial de Dom Antônio Barbosa só aconteceu dia 05 de outubro do mesmo ano. O muro que cerca o seminário iniciou no final de 1975, feito em mutirão, foi concluído no ano seguinte.

De 23 a 25 de setembro de 1975 aconteceu em nosso seminário, o segundo Capítulo Vice Provincial com a participação de 38 frades, onde foi eleito fr. Eurico Bolzan para o triênio seguinte.

No início de 1976 foi começada a construção da Capela Santa Cecília na Vila São Lourenço, mais conhecida por Vila Nicomedes. Iniciada com a colaboração de frei Gregório e seminaristas. No início de 1977 com frei Silvio Armigliato e depois fr. Clóvis Frainer. O nome da padroeira foi uma homenagem a um grupo de músicos paraguaios que ali existiam e que tocavam seus instrumentos em louvor à santa. A imagem de Santa Cecília foi trazida de São Paulo.

Os frades da fraternidade do ano de 1976 eram: fr. Alfredo Sganzerla (diretor); fr. Gregório Bonato (pároco), fr. Arcide Lunardi (ecônomo); fr. Fiorelo Colet (professor, auxiliar na formação e pastoral); fr. Silvio Armigliato (vigário); fr. Jerônimo Gresole (tratamento de saúde); fr. Onir M. Maraffon (estudante).

Na Semana Santa de 1976 aconteceu pela primeira vez a encenação da Via Sacra, feita pelos grupos jovens das vilas Carlota e Progresso com a decisiva atuação dos seminaristas que trabalhavam nas duas comunidades: Moacir, Nereu, Livino, Onil, Renor, orientados por frei Fiorelo Collet e dona Rosaura Ditmar Duarte. A encenação teve início na comunidade Santíssima Trindade da Vila Progresso e findou com a crucifixão e ressurreição de Jesus em frente à comunidade Nossa Senhora Aparecida da Vila Carlota. O evento foi noticiado pelos jornais Diário da Serra e Correio do Estado, além da TV Morena. Três anos depois o evento foi transferido para a Igreja Matriz, com a participação de todos os grupos jovens.

Hoje aqui estamos, os freis Claudio, Moacir, Nereu, Odolir e Onil, que em 1955 acabamos de chegar na cidade, para reconhecidamente agradecer a Deus e aos pioneiros dessa lida que continua preparando frades e sacerdotes para o cuidado e a expansão do Reino de Deus. Nossa profunda gratidão a todos os que acreditaram e também a todos os que nos desafiaram nessa peregrinação cheia de esperança.

Campo Grande, 11 de outubro de 2025.

Fr. Moacir Casagrande, OFMCap
Ministro Provincial da Província do Brasil Central (GO, MS, TO e DF).
Agora também com a Custódia de Nicarágua, Costa Rica e Panamá, além de uma colaboração com a Custódia de Moçambique.

Autor:
Frei Moacir Casagrande, OFMCap
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