Capuchinhos: 125 anos de missão no RS

Capuchinhos: 125 anos de missão no RS

No dia 18 de janeiro de 1896, chegavam em Conde d'Eu (hoje município de Garibaldi), os primeiros frades Capuchinhos no Rio Grande do Sul, eram eles: frei Bruno de Gillonnay e frei Leão de Montsapey. Os acompanhava seu ministro provincial, frei Rafael de La Roche. No entanto, os frades haviam chegado de navio no porto de Rio Grande, RS, ainda no dia 25.12.1895 e ali celebraram natal com os marinheiros, no navio. Apesar disto, ficou sempre conhecida e divulgada como data que marca a origem da missão o dia 18 de janeiro.

No dia 02 de janeiro desembarcaram em Rio Grande, querendo conhecer a realidade na qual iam implantar a mais nova Missão da Província da Savóia, a querida "Província-Mãe".  Os primeiros capuchinhos do Rio Grande do Sul eram franceses, naturais da Província da região da Savóia, que havia sido restaurada em 30 de janeiro de 1841, após as perseguições causadas pela Revolução Francesa.

Os capuchinhos chegaram em Conde d'Eu, tendo sido enviados pelo então bispo do Rio Grande do Sul,  Dom Cláudio Ponce de Leão,  com a finalidade de atender os imigrantes italianos daquela região. Não demorou muito e o espírito missionário e o campo de ação apostólica dos freis expandiram-se para outras regiões do estado. No dia 18 de junho de 1898, foi aberto o primeiro seminário para acolher vocações já naturais do Rio Grande do Sul.

As missões populares, a eficaz ação paroquial, o forte espírito missionário, a pregação popular, a alegria franciscana, a simplicidade de vida, as devoções religiosas, a disponibilidade contínua para atender as necessidades espirituais e mesmo materiais do povo, desencadearam um movimento que resultou no aumento de vocações e no crescimento de frentes missionárias dos Capuchinhos pelo Rio Grande do Sul. Então no dia 24 de julho de 1942 foi criada oficialmente  a província dos Frades Menores Capuchinhos do Rio Grande do Sul, sendo seu titular o Sagrado Coração de Jesus e seu patrono o Imaculado Coração de Maria. Historicamente, é a primeira Província Capuchinha na América Latina e no Hemisfério Sul. A sua abrangência de território, até os dias atuais, é o estado do Rio Grande do Sul e pequena parte do sul do estado de Santa Catarina.

A Província Sagrado Coração de Jesus, Rio Grande do Sul, tornou-se numericamente sólida e geograficamente abrangente. Ao longo dos anos, marcou presença (por meio de freis enviados em missão), em São Paulo, Portugal, África, Nicarágua e França. Os capuchinhos do Rio Grande do Sul também foram responsáveis pelo início, organização e fundação da Província Nossa Senhora de Fátima, no Brasil Central, que é  a primeira província originária de outra província brasileira. Os frades gaúchos iniciaram também, e ainda hoje mantém vínculo e auxiliam na missão, a Custódia São Francisco de Assis, no Brasil Oeste (estados  do Mato Grosso e Rondônia). Em setembro de 2003, os Capuchinhos gaúchos iniciam uma ajuda fraterna a então Vice-província Madre del Divino Pastor, na República Dominicana. Em 2007 iniciam a presença no Haiti, que em 2014 torna-se Delegação Missionária Provincial do Haiti, com a qual os Capuchinhos do RS ainda mantém vínculo e auxiliam na missão.  

Também no Rio Grande do Sul, os Capuchinhos atuaram pastoralmente ao longo dos anos, para além de Paróquias e Missões Populares. Sempre sensíveis aos apelos dos papas, num movimento de expansão missionária do projeto de evangelização, destacam-se por sua presença no mundo da comunicação social. Os capuchinhos gaúchos são responsáveis pela fundação da Rádio Difusora, em 27 de outubro de 1934 e pela TV Difusora, que entrou no ar em 10 de outubro de 1969. Ambas as emissoras foram vendidos em 1980 para o Grupo Bandeirantes de Comunicação e são hoje as atuais Rádio Bandeirantes Porto Alegre e TV Bandeirantes Rio Grande do Sul, importantes veículos de comunicação do estado. Há também o Jornal Correio Riograndense, que foi veiculado impresso de 1909 até 2017, o qual desde 1921 esteve sobre comando dos próprios Frades. Dentro ainda da comunicação social, os Capuchinhos também são responsáveis, ainda hoje, por duas redes de rádio no estado do RS: a Rede Maisnova FM e a Rede Tua Rádio.

Na Pastoral Paroquial,  hoje, atendem 34 paróquias espalhadas no Rio Grande do Sul, sendo duas em Santa Catarina. Os Capuchinhos gaúchos atualmente, também têm ações e forte presença missionária na Pastoral Hospitalar,  na Pastoral Universitária, nas Pastorais e Movimentos Sociais, nos Assentamentos, na Assistência Social, nas Missões Populares.

São cerca de 180 frades na atualidade,  que assim como os fundadores  da missão, procuram dedicar-se com amor e entusiasmo na edificação do Reino de Deus e na propagação dos valores do Evangelho por onde vão, entre as pessoas. Sempre pautando a vida nos ensinamentos de Jesus Cristo e a Ele seguindo, no modo de viver e legado deixados por São Francisco de Assis e no testemunho de tantos frades e santos da Ordem Franciscana e Capuchinha. Nosso esforço maior continua sendo, de propagar por este chão, sobretudo aquilo que desejamos às pessoas quando as cumprimentamos com nossa saudação franciscana: "Paz e Bem".

Celebrar 125 anos é recordar com júbilo muita história e muitas vidas que marcam essa trajetória. É olhar o passado e aprender dele. É buscar, na memória que fazemos, a esperança de um futuro sempre melhor e de um presente que seja vivido com amor, fidelidade e testemunho na vocação assumida. Também é  momento especial para louvar e agradecer a Deus, pois "até aqui o Senhor nos conduziu". É momento de entregar nas mãos Dele a trajetória que ainda vamos percorrer, depositar os sonhos, as ações, a vida, deixando com que o Senhor ilumine e abençoe nosso futuro. Neste dia vai bem uma oração, mesmo que breve, por cada Capuchinho do Rio Grande do Sul: que jamais se esqueçam de "buscar o Espírito do Senhor e seu santo modo de operar" e que não  se cansem de sempre renovar e viver em espírito de minoridade, de fraternidade e de constante recomeço de sua vida e missão,  pois "até agora pouco ou nada fizemos", como diria nosso amado Irmão, São Francisco de Assis.

Para o louvor e glória de Deus! Amém.

Autor:
Frei Cristian Martins Almeida, OFMCap
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