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A “Vida de São Francisco” de Juliano de Spira não costuma ser publicada nos livros de Fontes Franciscanas. Provavelmente porque, em geral, é tida como uma cópia resumida da Vida Primeira de Celano.

Mesmo concordando em que a “Vida” de Juliano é profundamente dependente da Primeira de Celano, queremos destacar o seu valor. Juliano também é o autor de “Ofício rítmico de São Francisco”, que também apresentamos neste site, e também da “Vita Secunda” e do “Ofício rítmico” de Santo Antônio.

Não temos muitas informações sobre Juliano de Spira. V. Gamboso, no prefácio que escreveu em sua tradução sobre Santo Antônio, reuniu alguns dados aproveitando algumas fontes que vão de Jordão de Jano a Nicolau de Glassberger. Como era de Spira, devia ser alemão. Entrou na Ordem Franciscana por volta de 1226, e sabemos que, antes disso, era mestre de música na corte do Rei da França. Também sabemos que morreu por volta de 1250.

Pela sua narrativa muito viva, feita nos dois últimos parágrafos e totalmente independente de Celano, calculamos que Juliano de Spira estava em Assis em 1230, quando foi feita a translação do corpo de São Francisco para a sua nova basílica.

É provável que Juliano tenha escrito essa biografia para difundi-la melhor na França e em outros países transalpinos. Mas não encontramos vestígios dela nas outras Fontes. O importante é que, cronologicamente, deve ter sido a segunda biografia de São Francisco, escrita entre 1232 (ano da canonização de Santo Antônio, a quem a “Vida” chama de “agora santo e glorioso confessor de Cristo” e outubro de 1235, porque Tomás de Eccleston afirma que, na festa de São Francisco desse ano, foi cantado o Ofício diante do Papa, que gostou especialmente do hino Hunc sanctus praeelegerat. Os autores discutem se a “Vida” é anterior ou posterior ao “Ofício”. A opinião mais comum acredita que o “Ofício” foi composto entre 1231 e 1232, e a “Vida” pouco depois. Autores importantes expressaram, sobre o nosso livro, opiniões que não foram aceitas. Para Hilarino Felder, a vida não seria autêntica, porque Jordão de Jano não se referiu a ela. Quero destacar que São Boaventura também copiou amplamente o material da Primeira Celano, o que levou alguns estudiosos a ver em São Boaventura um “compilador”, enquanto viam em Juliano de Spira um simples “repetidor”.

É justamente uma comparação entre essas três obras que nos leva a perceber que cada um preservou sua originalidade. Os três autores apresentam de forma bem diferente o que entendiam sobre a Regra Franciscana, divergindo sobre o que era “forma vitae” e o que era “regula”.

Tomamos o texto latino de “Fontes Franciscani”, nas págs 1025-1095. Nosso livro tem um Prólogo e 79 parágrafos. Quem quiser estudá-los pode aproveitar a lista que damos ao lado, clicando o número que quiser.