Actus beati Francisci et sociorum eius - Capítulo 37

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Sobre Frei Rufino, como ele era uma das três almas escolhidas.

1 Como diz nosso Senhor Jesus Cristo bendito no evangelho: Conheço minhas ovelhas e elas me conhecem (cfr. Jo 10,4), assim nosso bem-aventurado pai Francisco, como um bom pastor (cfr. Jo 10,11),conhecia todos os méritos e virtudes de seus companheiros, por revelação do Senhor. 2 E conhecia também os defeitos e vícios. Por isso, sabia cuidar do remédio oportuno, humilhando os soberbos e exaltando os humildes, vituperando os vícios e destacando as virtudes, como todos podem ver nas admiráveis revelações que tinha sobre a sua família primitiva.

3 Só para lembrar uma entre muitas, uma vez São Francisco estava sentado em um pequeno lugar com os companheiros, conversando com eles sobre as coisas de Deus. 4 Mas Frei Rufino, que era certamente perspicaz pela santidade, não estava com eles naquela conversação divina, porque ainda não saíra do bosque em que tinha ido para orar.

5 Enquanto São Francisco, com os companheiros, continuava em santas exortações e em conversações divinas, Frei Rufino, nobre cidadão de Assis, mas ainda mais nobre servo de Deus, varão puríssimo e sublimado pela mais nobre prerrogativa da contemplação divina, 6 ornado, além disso, pelas flores da odorífera conversação, saiu do bosque, onde estivera para meditar as coisas celestes, e passou um pouco longe de São Francisco.

7 Quando o santo o viu, de longe, voltou-se e disse aos companheiros: “Dizei-me, caríssimos, qual é a alma mais santa que Deus tem agora no mundo?”. Eles responderam humildemente que achavam que o próprio São Francisco estava sublimado por esse privilégio. 8 Mas ele disse: “Eu, irmãos caríssimos, da minha parte sou o homem mais indigno e vil que Deus tem no mundo. Mas estais vendo Frei Rufino, que sai agora do bosque? O Senhor me revelou que a alma dele é uma das três mais santas que Deus tem agora no mundo. 9 E vos digo com certeza que eu não duvidaria de chamá-lo de São Rufino, ainda vivo no corpo, porque sua alma está confirmada na graça, santificada e canonizada pelo Senhor Jesus Cristo no céu”.

10 Mas São Francisco disse isso na ausência do frade. Nisso, o santo pai mostrava que era um bom pastor (cfr. Jo 10,11), que conhecia suas ovelhas e sabia de que virtudes tinham falta. Demonstrou-o em Frei Elias, quando o repreendeu pela soberba; e em Frei João de Capella, quando lhe predisse que seria enforcado por sua própria malícia; 11 e no frade que o demônio tinha agarrado pela garganta, quando o corrigiu por ser desobediente. E naqueles frades que tinham vindo da Terra do Lavoro, quando repreendeu um deles por causa das maldades que tinha praticado contra o companheiro no caminho. 12 Além disso, conhecia suas ovelhas que tinham abundância de graças, como vemos em Frei Bernardo, o dito Frei Rufino e em muitos outros, sobre cujas grandezas Deus fazia revelações a São Francisco, como a um bom pastor.

Para louvor e glória de N.Senhor Jesus Cristo Amém.