Actus beati Francisci et sociorum eius - Capítulo 38

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Sobre Frei Leão: como lhe apareceu o bem-aventurado Francisco.

1 O amoroso Francisco, de gloriosa inocência, que adorna corpo e alma e introduz a alma na graça e na glória, por ver em Frei Leão uma grande pureza e a inocência de uma pomba, levava-o com a maior freqüência como companheiro e o admitia muitas vezes em seus segredos, tanto de dia como de noite. 2 Por isso, o referido Frei Leão foi, entre todos os companheiros do santo pai, quem melhor soube a respeito de seus segredos e suas maravilhas. 3 Pois ele o viu muitas vezes levantado no ar, como vamos contar mais adiante. E também o ouviu freqüentemente falando com Cristo, com a Bem-aventurada Virgem e com os anjos. 4 Além disso, viu uma luz de fogo descendo do céu em cima da cabeça de São Francisco, e ouviu uma voz que falava com ele saindo dessa luz.

5 Quando caminhavam juntos em certo dia, também viu diante do rosto do santo pai uma cruz muito bonita que o precedia. E Cristo mela pendia. 6 Percebeu que aquela cruz admirável parava quando São Francisco parava, andava quando ele andava, precedendo-o sempre onde quer que ele fosse. 7 E a cruz tinha tamanho esplendor que não só iluminava o rosto do santo mas ornava o ar em toda a volta. E Frei Leão via tudo isso numa luz muito clara.

8 São Francisco não só deu em vida consolações admiráveis a esse Frei Leão, mas também lhe apareceu muitas vezes depois da morte. 9 Houve um dia em que Frei Leão fazia sua vigília em oração e São Francisco lhe apareceu dizendo: “Ó Frei Leão, deves recordar que, quando eu estava no mundo, predisse que haveria uma grande fome em toda a terra, e dizia que eu conhecia um pobrezinho por cujo amor Deus poupava e não mandaria aquela fome horrível enquanto o pobrezinho vivesse”?.

10 Frei Leão respondeu: “Lembro-me bem, pai santíssimo”. E São Francisco disse: “Era eu aquela criatura e pobrezinho por cujo amor Deus não mandava a fome para os homens, mas, por causa, da humildade, não ousava me manifestar. 11 Mas agora, Frei Leão, fica sabendo com certeza que, depois que eu me retirei deste mundo, virá à terra uma fome terrível e universal, de modo que muitos vão morrer de fome”. 12 E assim aconteceu; pois, cerca de seis meses depois dessas palavras, reinou em toda parte uma fome tão grande, que as pessoas comiam não só as raízes das ervas mas até cascas de árvores: daí morreu a maior multidão de pessoas.

13 Com isso ficam claras a inocência de Frei Leão, a amizade divina de São Francisco e sua infalível profecia.

Para louvor e glória de nosso Senhor Jesus Cristo. Amém.