Sobre Frei Leão, quando viu São Francisco elevado da terra.
1 Quando o bem-aventurado pai Francisco começou a sentir novos e divinos carismas naquela sua alma bendita, elevava-se freqüentemente do chão não só mental mas também corporalmente. 2 Nessas elevações, acontecia uma admirável disposição de Deus a respeito dele, pois, quanto mais sentia o acúmulo de dons da graça, tanto mais alto era elevado do chão, como viram diversos de seus companheiros, que foram testemunhas oculares. 3 E de uma maneira especial Frei Leão a quem, por sua inocência columbina e até angélica, São Francisco permitia mais freqüentemente estar presente em seus esforços escondidos de oração. 4 Por isso foram muitas as vezes em que Frei Leão mereceu ver o santo pai elevado no ar, mais e menos, de acordo com os graus dos sentidos divinos pelos quais se elevava a Deus progredindo de virtude em virtude.
5 Algumas vezes Frei Leão viu São Francisco tão elevado do chão que podia tocar seus pés, mas outras vezes mereceu ver o pai santíssimo elevado até o topo das árvores; e, outras vezes, tão levado lá para cima que mal conseguia percebe-lo com sua vista. 6 Quando podia alcançar os pés do bem-aventurado Francisco, abraçava-os e, beijando-os com lágrimas muito devotas, orava dizendo: ”Deus, sede propício a mim que sou pecador (cfr. Lc 18,13) e, pelos méritos de homem santíssimo, fazei com que encontre vossa divina misericórdia”. 7 Mas quando o via tão elevado que não podia alcançá-lo, prostrava-se devotamente abaixo de São Francisco fazendo uma oração semelhante à primeira. Essas elevações do santo pai aconteceram no lugar do Alverne e em muitos outros lugares.
8 São Francisco só permitia a Frei Leão tocar seus estigmas e trocar as ataduras, que colocava em qualquer dia da semana entre aqueles cravos admiráveis e o resto da carne, para segurar o sangue e mitigar a dor. 9 Só não fazia isso na quinta-feira de tarde e durante toda a sexta-feira, em que não queria colocar nenhum remédio, para ficar pendendo da cruz nesse dia da crucifixão com Cristo, verdadeiramente crucificado com ele em suas dores.
10 Mas havia algumas vezes em que São Francisco colocava com maior cuidado aquelas mãos marcadas pelos venerandos estigmas na frente do coração de Frei Leão. Por esse toque, Frei Leão sentia tanta devoção no coração que, na verdade, quase expirava, mudado em um estupor salutar entre soluços mais freqüentes.
Para louvor e glória de nosso Senhor Jesus Cristo. Amém.